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A diabetes e o seu impacto nas emoções

A diabetes é uma doença metabólica crónica que se caracteriza por elevados níveis de açúcar no sangue. Mas ela pode, também, ter influência no bem-estar psicológico do doente… e da família.

Estima-se que a diabetes afete mais de 1 milhão de portugueses. Para algumas destas pessoas, lidar com a doença pode levá-las a experimentar oscilações de humor e a viver em constante preocupação sobre as possíveis complicações que a doença possa desencadear. Estes efeitos podem conduzir igualmente ao nervosismo, confusão ou ansiedade. É por estes motivos que os doentes com diabetes têm até 3 vezes mais probabilidades de terem sintomas de depressão do que quem não sofre desta doença. Leia mais para descobrir o poteincial impacto da diabetes nas emoções.

A diabetes e as emoções

A diabetes

 

É uma doença metabólica crónica que acontece quando o organismo deixa de conseguir produzir insulina de forma eficiente — a hormona que metaboliza os açúcares provenientes da digestão e da transformação dos alimentos. Quando tal acontece, os níveis de glicose (açúcar) no sangue aumentam, surgindo, assim, a diabetes mellitus.

 

Esta pode apresentar-se em diferentes tipos, sendo os principais: a diabetes tipo 1, que se caracteriza pelo facto de o pâncreas deixar de produzir insulina, por existir uma destruição das células que a produzem; diabetes tipo 2, a mais comum, que acontece devido a um desequilíbrio no metabolismo da insulina e que está diretamente relacionada com hábitos de vida ou de alimentação menos saudáveis; e a diabetes gestacional, que ocorre durante a gravidez, tendendo, contudo, a desaparecer depois desta fase da mulher.

 

A vida depois do diagnóstico

 

Quando uma pessoa é diagnosticada com diabetes, é normal passar por vários estágios psicológicos, como a descrença, negação, raiva e depressão, por exemplo. É que esta doença implica algumas alterações no estilo de vida: exige uma alimentação saudável, atividade física regular, autovigilância, estar atento às variações glicémicas e às hipoglicemias, sem, no entanto esquecer a toma da medicação. Todas estas alterações podem ter um impacto emocional significativo, sobretudo quando se passa a viver sempre a pensar na doença. Nalguns casos, o impacto da diabetes nas emoções pode mesmo conduzir a pessoa à depressão.

 

O impacto emocional

 

A diabetes tem uma relação muito específica com o lado emocional de quem a vive, até porque a própria doença causa oscilações de humor e afeta o estado mental do doente: quando existem flutuações na glicemia (isto é, no nível de açúcar no sangue), podem ocorrer rápidas mudanças de humor, incluindo irritabilidade.

 

Tal acontece, sobretudo, em episódios de hipoglicemia, durante os quais os níveis de açúcar no sangue caem abaixo dos 70 mg/dL (o valor normal da glicose no sangue situa-se entre os 70 mg/dL e os 110 mg/dL), deixando alguns dos doentes num estado de euforia, semelhante ao estar um pouco embriagado. Mas, para compensar esta sensação, o organismo liberta adrenalina, de modo a tentar converter algum glicogénio disponível no fígado em glicose, de modo a aumentar os níveis desta na corrente sanguínea. Este estado de luta-fuga do organismo contribui para os sentimentos de irritabilidade que, em algumas pessoas, podem ocorrer durante um episódio de hipoglicemia.

 

Praticar exercício físico e mindfulness, assim como procurar ajuda psicológica pode ajudar a prevenir ou a tratar a depressão num doente com diabetes.

 

Os níveis de açúcar no sangue e o humor

 

A diabetes pode afetar os níveis de humor no doente, devido aos níveis de açúcar no sangue. Reconheça os sintomas:

 

Sintomas de níveis baixos de açúcar no sangue

  • Confusão;
  • Fome;
  • Dificuldade em tomar decisões;
  • Agressividade e irritabilidade;
  • Mudanças de personalidade ou de comportamento;
  • Dificuldade em concentrar-se.

 

Sintomas de níveis altos de açúcar no sangue

  • Dificuldade em pensar clara e rapidamente;
  • Nervosismo;
  • Sensação de cansaço ou falta de energia.

A diabetes e a depressão

Além de a própria diabetes estar associada a sintomas físicos que incluem oscilações de humor, estado de tensão e fadiga, a sua relação com as emoções vai mais além. Dadas às modificações nos hábitos de vida que a doença impõe no quotidiano, o doente com diabetes está mais exposto a eventuais estados depressivos. São vários os fatores que contribuem para tal, por exemplo:

 

  • o próprio diagnóstico;
  • o saber que tem de lidar com uma doença para o resto da vida;
  • o medo do aparecimento de potenciais complicações;
  • ansiedade por antecipação de eventuais episódios de hipoglicemia.

 

Em contrapartida desses factores pode resultar o facto de o estado depressivo ou de ansiedade contribuírem para um controlo descuidado da diabetes, tornando-se esta relação um círculo vicioso: um bem-estar mental e emocional pouco saudável leva a que não se tenha vontade de monitorizar os níveis de glicose no sangue, o que depois tem impacto no controlo da diabetes; o estado depressivo tende a tornar as pessoas letárgicas, logo com menos vontade de praticar exercício; os cuidados com a alimentação também são descuidados, assim como os hábitos de sono.
Todos estes fatores têm um impacto no bem-estar das pessoas e, consequentemente, no controlo da diabetes. Com a doença descontrolada, e agravado pelo descuido, pode ocorrer ainda maior ansiedade relativamente a eventuais problemas que a diabetes possa desencadear.

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Prevenir a depressão na diabetes

O seu filho está angustiado?

 

A depressão na diabetes não é apenas exclusiva dos adultos; ela pode também afetar as crianças a quem é diagnosticada a doença. Tome atenção ao seu filho se o seu filho com diabetes:

< 5 anos de idade

 

  • Faz birras nas análises ao sangue ou com injeções;
  • Tem comportamentos regressivos, como voltar a urinar na cama;
  • Recusa comer ou come demasiado;
  • Tem pesadelos ou precisa de conforto durante a noite.

Crianças e adolescentes

 

  • Evita fazer as injeções;
  • Não verifica os níveis de glicose no sangue;
  • Começa a evitar estar socialmente;
  • Está constantemente irritado – um sinal de que se sente ansioso;
  • Manifesta sentir-se diferente dos colegas.

Como gerir as emoções

Estar constantemente preocupado com os níveis de glicose no sangue ou com receio de uma qualquer complicação da diabetes, sentir-se irritado por ter de viver com esta doença crónica ou mesmo sentir-se culpado por ser um doente com diabetes são sintomas de que está em sofrimento devido à doença. É importante que não deixe de controlá-la, mas também é importante que não a deixe controlar por completo a sua vida.

Além do tratamento da diabetes, se se sentir refém da doença, não tenha vergonha de procurar ajuda especializada, como um psicólogo, que o ajudará a ultrapassar este sofrimento. A prática de exercício físico, além de ser uma mais-valia para o controlo da doença, é também benéfica para a sua saúde mental. Ou seja, ajuda lidar na diabetes com as emoções. Experimente, também, praticar mindfulness para usufruir dos seus efeitos relaxantes.

O papel da família

A diabetes é uma doença que afeta não só o doente, mas também a própria família, que é essencial, sobretudo quando se trata da diabetes nas crianças. É importante que todos estejam informados sobre a doença e que se aconselhem com médicos e familiares de outros doentes.

 

No caso de se ter um filho com diagnóstico de diabetes, é fundamental que os pais aceitem a doença e ajudem a introduzir as modificações necessárias na rotina, sem que o façam sentir-se «diferente».

Burnout na diabetes

Os sintomas de burnout caracterizam-se por conduzirem a pessoa a um estado de exaustão física, emocional, mental e comportamental, estando relacionado com o stresse laboral. No entanto, sintomas muito semelhantes ao burnout também podem ocorrer devido ao controlo exigente no quotidiano que a diabetes implica.

 

O burnout na diabetes acontece quando um doente está cansado de controlar a doença e desiste de realizar tarefas de gestão que ela exige. Tal pode incluir a monitorização de níveis de glicose no sangue, registar estes níveis, contar hidratos de carbono ou de tomar insulina. Este estado de burnout da diabetes pode levar à depressão. Procure sempre ajuda especializada.

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Referências
  • Revista pH

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