A dieta mediterrânica e a diabetes
Saiba em que consiste o padrão alimentar mediterrânico e conheça os seus benefícios para a saúde.
Ao contrário das «dietas da moda» que surgem todos os dias, muitas sem fundamento científico, a forma como os povos mediterrânicos se alimentam há séculos continua a ser considerada pela comunidade científica como uma das mais saudáveis. Este tipo de alimentação, denominada alimentação mediterrânica, está associado a um padrão alimentar ou mesmo a um estilo de vida, e não apenas a uma mudança da alimentação no curto prazo, a qual habitualmente chamamos de «dieta».
Atualmente, existe evidência suficiente de que a alimentação mediterrânica é um padrão alimentar com vários benefícios para a saúde. É por isso que é tão importante promovê-lo entre a população em geral e, particularmente, entre as pessoas que vivem com diabetes.
O que é a dieta mediterrânica ou alimentação mediterrânica
A dieta mediterrânica é descrita pela UNESCO como um «conjunto de saberes-fazer, conhecimentos, rituais, símbolos e tradições sobre cultura, ceifa, pesca, criação de animais domésticos, processamento, culinária e em particular a partilha e o consumo de comida». Ou seja, o padrão alimentar mediterrânico não assenta apenas em alimentos específicos, mas sim na forma como esses alimentos foram produzidos, cozinhados e ingeridos de forma integrada nas refeições.
A alimentação mediterrânica é caracterizada pelo predomínio dos produtos vegetais, em detrimento dos produtos animais. Adicionalmente, a dieta mediterrânica preconiza o consumo de azeite como principal fonte de gordura. Além dos reconhecidos efeitos favoráveis no estado de saúde, este tipo de alimentação é económica e ambientalmente sustentável.
Apesar de não ser banhado pelo mar Mediterrâneo, pela sua geografia, clima, economia e cultura, produzem-se em Portugal alimentos característicos da alimentação mediterrânica. Ou seja, é possível preservar os princípios da sazonalidade e tradição que constituem este tipo de alimentação.
A roda da alimentação mediterrânica
A roda dos alimentos portuguesa reflete os princípios alimentares associados ao padrão alimentar mediterrânico. No entanto, não ilustra os aspetos ambientais e socioculturais. Desta forma, a roda da alimentação mediterrânica vem reforçar estes aspetos mais abrangentes e promotores de um estilo de vida saudável.
10 Princípios da alimentação mediterrânica em Portugal
- Frugalidade e cozinha simples, tendo como base preparações que protegem os nutrientes como, por exemplo, as sopas, os cozidos, os ensopados e as caldeiradas;
- Elevado consumo de alimentos de origem vegetal, nomeadamente de produtos hortícolas, de fruta, pão de qualidade e cereais pouco refinados. As leguminosas secas e frescas (como as ervilhas, o grão e feijão) e frutos gordos (exemplo: nozes, amêndoas, avelãs) fazem também parte da dieta mediterrânica;
- Consumo de alimentos de origem vegetal produzidos localmente, frescos e da época;
- Consumir azeite, como principal fonte de gordura;
- Consumo moderado de laticínios, de preferência magros;
- Utilização de ervas aromáticas para temperar em substituição do sal;
- Consumo frequente de peixe e consumo reduzido de carnes vermelhas;
- Água como principal bebida ao longo do dia;
- Consumo baixo a moderado de vinho e apenas nas refeições principais.
Atenção: O consumo de bebidas alcoólicas é totalmente desaconselhado a crianças, jovens, grávidas e lactantes;
- Convivialidade à volta da mesa.
Benefícios para a saúde
Os benefícios para a saúde associados ao padrão alimentar mediterrânico são vários. Estes incluem a:
- diminuição do risco de desenvolver doenças crónicas, como a diabetes tipo 2, vários tipos de cancro, a obesidade ou a síndrome metabólica;
- redução do risco de doenças neurodegenerativas (como, por exemplo, a doença de Alzheimer ou Parkinson);
- diminuição do risco de doenças cardiovasculares.
As atuais recomendações de estilo de vida para as pessoas com diabetes apoiam uma variedade de padrões alimentares, incluindo a alimentação mediterrânica. Isto porque está associada a um melhor controlo metabólico e do peso corporal.
A riqueza em fibra, micronutrientes e substâncias protetoras (contidas na fruta e nos hortícolas), bem como a maior proporção de gordura insaturada (contida no azeite e no peixe) são características desta alimentação, e estão, possivelmente, relacionadas com melhorias verificadas ao nível da pressão arterial, do perfil lipídico e da resistência à insulina.
Além disso, a consistência nos horários e nas quantidades regradas às refeições, assim como a atividade física, o tempo que é dado para preparar as refeições e a partilha entre a família/comunidade são fatores que contribuem para um bom controlo glicémico e para evitar o excesso de peso.
Associação Protetora dos Diabéticos de Portugal (APDP)