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As novas tecnologias para a diabetes

O desenvolvimento de novos dispositivos está a permitir uma gestão cada vez mais facilitada da diabetes. Mas, para tirar partido das mais recentes inovações, é fundamental saber em que casos são úteis e como utilizá-las.

As novas tecnologias na diabetes vieram melhorar a vida de todos os que sofrem desta doença. Não só os doentes passaram a ter «uma maior perceção do que está a acontecer com a sua patologia, como houve uma redução do número de picadas no dedo para medição da glicemia e uma administração mais cómoda da insulina», exemplifica César Esteves, coordenador do Grupo de Estudos de Tecnologias Avançadas em Diabetes da Sociedade Portuguesa de Diabetologia (SPD). Contudo, o desempenho dos mais recentes dispositivos ainda exige alguma perícia por parte do utilizador e pode não ser útil em todos os casos. Neste artigo, fazemos um ponto da situação das principais tecnologias disponíveis atualmente em Portugal e das que poderão chegar em breve.

As novas tecnologias para a diabetes

Monitorização contínua da glicose

 

O controlo glicémico (nível de açúcar no sangue) é uma constante na vida da pessoa com diabetes e os dispositivos de monitorização contínua surgiram como uma alternativa às tradicionais punções (picadas) no dedo. Existem 2 tipos de monitores. Os primeiros a surgir no mercado fazem a leitura em tempo real: «Têm um sensor que é normalmente colocado no abdómen e a informação é enviada para um leitor guardado, por exemplo, no bolso», explica César Esteves. Como a leitura acontece em tempo real, a pessoa «é alertada para a iminência de hipo ou hiperglicemia.

O doente é confrontado com os alarmes, mas pode conseguir evitar eventos com maior eficácia». Os monitores mais recentes fazem a chamada leitura flash: «É o próprio utilizador a encostar o leitor ao sensor (que é colocado habitualmente no braço) para que haja uma leitura».

 

* Ideal para

Sobretudo quem tem «diabetes tipo 1 . Está sujeito a uma maior variabilidade dos níveis de glicose e, por norma, teria de fazer 4 a 8 punções por dia. No entanto também podem ser utilizados noutros tipos de diabetes.», indica.

 

*No futuro

Os monitores atuais são transcutâneos, mas já existem sistemas implantáveis, ainda não disponíveis em Portugal: «O dispositivo é implantado (durante seis meses) e só tem de se acoplar à pele um transmissor não invasivo. Este pode ser retirado se a pessoa quiser, por exemplo, ir à praia», refere.

 

Bomba infusora de insulina

 

É um pequeno dispositivo eletrónico que permite a perfusão subcutânea contínua da insulina contida num reservatório descartável. Aquelas que são utilizadas atualmente em Portugal, «dependem do utilizador para tomar decisões, pois é ele que tem de introduzir os dados, requer punção de glicemia capilar para se poder calcular a quantidade de insulina a administrar e é o utilizador que confirma a quantidade de insulina a ser administrada», explica César Esteves. Os modelos mais modernos incluem «um sistema híbrido que ajusta automaticamente a perfusão da insulina conforme os níveis de glicose, que são medidos por um monitor contínuo da glicose que está acoplado à própria bomba», uma funcionalidade especialmente importante «durante a noite porque reduz o risco de variação dos valores», explica o médico endocrinologista, acrescentando que, contudo, esta inovação «continua a precisar do input do utilizador, normalmente ao nível da contagem dos hidratos de carbono».

 

* Ideal para

«Sobretudo quem precisa de flexibilidade no estilo de vida e indivíduos com hipoglicemias frequentes».

 

*No futuro

«Há um foco de interesse dos fabricantes em aumentar o tempo de utilização de cânulas (cateteres) das bombas infusoras, sendo que neste momento são trocados de 3 em 3 dias e quer-se prolongar o uso até 7 dias», conta.

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Afinal o que é a hipoglicemia noturna?

Smart Pens

 

As canetas de aplicação de insulina usadas atualmente «não são muito diferentes das de há 10 anos, mas a sua qualidade aumentou», refere César Esteves. Realça ainda «o surgimento de canetas com a possibilidade de ajustes a meias unidades, principalmente úteis para crianças». A versão mais recente destas canetas são «as chamadas smart pens, que têm ligação a uma aplicação de telemóvel. Nesta, o utilizador deve colocar o valor da sua glicose e a quantidade de hidratos de carbono a ingerir à refeição. A app faz o cálculo, comunica com a smart pen e o doente, ao espetar a agulha, só tem de clicar no “ok”».

A vantagem, como aponta o especialista, «é a segurança associada à calculadora no telemóvel e, além disso, os clínicos têm acesso a todos estes dados, o que nos permite ajustar mais facilmente o esquema de insulinoterapia». Apesar de ainda «não haver smart pens em Portugal», segundo César Esteves, «podemos considerar que há já uma caneta com uma pequena funcionalidade digital que é a memorização da última dose de insulina».

 

* Ideal para

«Sobretudo pessoas com diabetes tipo 1 porque é a forma de diabetes mais exigente».

*Desvantagens

«Ainda não temos experiência com smart pens, mas a perceção que tenho é que são mais pesadas do que as canetas convencionais e também o nível de complexidade é maior. Assim é possível que existam pessoas que possam não conseguir compreender as instruções de uso», partilha César Esteves.

Caneta ou bomba infusora?

«A decisão passa muito pela preferência do próprio utente, com base naquilo que considera ser mais vantajoso para si, após haver uma opinião por parte do médico», salienta César Esteves, médico endocrinologista.

Grandes esperanças

Pâncreas artificial

É constituído por «2 dispositivos agregados que são acoplados à pessoa, em que um faz a monitorização da glicose e o outro a infusão da insulina (em alguns sistemas, inclusive, infundem 2 hormonas, insulina e glucagon)», explica o médico endocrinologista. Ainda está em desenvolvimento; «os sistemas que têm atualmente melhores resultados continuam a envolver a introdução de algum tipo de informação por parte do utilizador, nem que seja informação qualitativa, como dizer-se que se fez uma refeição», conta César Esteves, acrescentando que, «nos últimos 5 anos, houve uma revolução enorme a este nível e, por isso, acredito que num ano ou 2 teremos um sistema autónomo aprovado formalmente e disponível. Já há um sistema que faz parte de um movimento Do It Yourself e que permite a infusão autónoma de insulina, mas não está devidamente estudado nem aprovado para uso».

Administração de insulina

Tampas para evitar esquecimentos

Há um dispositivo que ajuda a evitar esquecimentos na administração da insulina: tampas para canetas de administração da insulina, «que registam há quanto tempo foi a última utilização», diz César Esteves, médico endocrinologista, acrescentando que «são especialmente úteis na diabetes tipo 1». Como «não há representantes em Portugal, podem ser adquiridas online», revela o especialista.

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8 Apps para ajudar a gerir a diabetes

Novidade
Uma app que ajuda a gerir a doença

A mySugr, aprovada pela Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde (INFARMED) como dispositivo médico, «pode ser utilizada por pessoas com qualquer tipo de diabetes, mas é particularmente importante na diabetes tipo 1», refere César Esteves, médico endocrinologista, à Revista Prevenir. Os dados desta app podem até ser exportados para um relatório, de modo a serem partilhados com um profissional de saúde.

A app organiza graficamente indicadores como:

  • Glicemia
  • Hidratos de carbono
  • Administrações de insulina

 

Referências
  • Artigo adaptado da Revista Prevenir.

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