Como assim… a música pode ajudar na diabetes?
A música faz parte das nossas vidas. Mas será que pode ajudar efetivamente a nossa saúde? Ligue o rádio e leia este artigo.

A música é muito importante para os seres humanos. Isto porque são inerentemente musicais. Citando Oliver Sacks no seu livro Musicofilia, Histórias sobre Música: «É realmente muito estranho que todos nós, em diferentes graus, tenhamos música na nossa cabeça».
É inegável que a música tem um papel proeminente nas vidas diárias de muitos de nós, quer seja por motivos de lazer, quer como forma de distração ou instrumento para melhorar o humor. A música desempenha um papel no desenvolvimento de memórias autobiográficas e, assim, na forma como construímos julgamentos de nós próprios e dos outros. Especula-se que por ter um efeito relevante nas nossas emoções e no sistema cognitivo, a música possa, por exemplo, ser usada para melhorar o desempenho cognitivo e o humor.
Estudos após estudos tem-se comprovado que a terapia musical tem um efeito geral positivo em diversas condições físicas e psicológicas, por exemplo. Desde o controlo de sintomas de ansiedade, alívio da dor ou melhoria da qualidade de vida de pessoas com demência.
O que é a Terapia Musical?
A noção de que a música pode ter um efeito terapêutico é pelo menos tão antiga quanto os tratados de Aristóteles e de Platão. Contudo, a terapia musical, como a conhecemos atualmente, teve início no século XX, após a Primeira e Segunda Guerra Mundial, quando músicos (profissionais e amadores) visitavam veteranos que sofriam de stresse pós-traumático. A recuperação física e emocional observada, levou a que os hospitais contratassem músicos, dando início ao que se viria a tornar a terapia musical. Nas últimas décadas, a terapia musical tem ganho um papel cada vez mais importante.

De acordo com a definição proposta pela Associação Americana de Terapia Musical, entende-se por terapia musical o uso de intervenções musicais baseadas em evidência clínica para alcançar objetivos individualizados para cada doente, no contexto de uma relação terapêutica. A terapia musical deverá ser sempre aplicada por profissionais credenciados que têm um conhecimento profundo sobre música. E que sabem usá-la para despertar respostas emocionais, estimular as pessoas ou ajudá-las no seu processo de cura.
Música e Diabetes
Diversos estudos demonstraram os benefícios da música na saúde geral de uma pessoa, com possíveis benefícios, diretos ou indiretos, nos cuidados de pessoas com diabetes:
- Um estudo que compreendeu 199 pessoas com diabetes tipo 1 e 2 ou pré-diabetes, e idades entre os 30 e os 85 anos, a participar num programa de educação e autogestão da diabetes, mostrou reduções superiores dos níveis de tensão (pressão arterial) sistólica (máxima), uma comorbilidade da diabetes importante, ao associarem terapia musical.
- Segundo um estudo de 2008, ouvir música que seja prazerosa poderá ajudar a reduzir a dor. Este efeito poderia, por exemplo, ser útil no controlo da dor neuropática, uma das principais complicações da diabetes, a curto prazo.
- Poderá melhorar o sistema imunitário, ao aumentar os níveis anticorpos e a contagem de um tipo de linfócitos (células natural killer), algumas das células do sangue que ajudam a combater infeções.
- Ouvir música pode ajudar a reduzir os níveis de um hormona associada ao stresse, o cortisol, e, por outro lado, pode aumentar a libertação de oxitocina, que está associada à sua redução.
- A música poderá ajudar ainda a fazer exercício, dando motivação e fazendo com que se melhore o foque nos exercícios, tornado esses momentos mais satisfatórios. A música certa para o tipo de exercício praticado poderá ajudar pessoas a tornarem-se mais ativas e, em última análise, reduzir a resistência à insulina.
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Jäncke, L (2008).
Mandel SE, et al. (2013).
Vlachopoulos C, et al. (2015).
American Music Association
Psychology Today
Harvard Medical School
Rafieyan R, et al. (2007).
Diabetes Self-Management