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Como se faz o tratamento da pré-diabetes?

A pré-diabetes é um aviso do nosso organismo antes de a diabetes se estabelecer. Hoje vamos falar especificamente das estratégias a adotar para reverter e atrasar a progressão para diabetes tipo 2.

A pré-diabetes é uma condição caracterizada por valores alterados da glicemia, mas que não estão alterados o suficiente para ser diagnosticada diabetes. Consoante os valores da glicemia ocorram em jejum ou após as refeições, chama-se, respetivamente, Anomalia da Glicemia em Jejum ou Tolerância Diminuída à Glicose. E perceber o que se passa é fundamental para que se chegue a uma estratégia de tratamento da pré-diabetes.

 

Esta condição é um alerta do nosso organismo que nos diz que algo na metabolização do açúcar não está bem. Como o nome indica, precede o diagnóstico de diabetes, que pode ser impedido ou atrasado ao atuar precocemente.

O tratamento da pré-diabetes

Mudanças no estilo de vida

 

O tratamento a pré-diabetes passa, inicialmente, por mudanças no estilo de vida. Nomeadamente pelo cuidado na dieta, pelo aumento prática de atividade física, pela perda de peso e pela cessação tabágica.

 

A American Diabetes Association (ADA) defende que no diagnóstico de pré-diabetes deve ser adotado um programa intensivo de dieta e atividade física. Este incluí metas específicas, entre elas a perda de 7% do peso e prática de atividade física de intensidade moderada 150 minutos por semana.

 

> Dieta

 

Existem hoje várias estratégias no que toca a alimentação, o que faz com que nem sempre haja um consenso entre especialistas. No entanto, as dietas mais aceites na gestão da pré-diabetes incluem a dieta mediterrânica, a dieta DASH e as dietas pobres em hidratos de carbono. A dieta mediterrânica é bem conhecida e largamente adotada no nosso país. Defende um consumo:

 

  • frequente de azeite, como a principal gordura;
  • elevado de alimentos de origem vegetal, produtos frescos, sazonais e pouco processados;
  • frequente de peixe;
  • menos frequente de carnes vermelhas;
  • moderado de lacticínios;

 

Esta é uma dieta indicada para doenças como a diabetes, a obesidade e a síndrome metabólica, pelos benefícios que traz aos níveis de açúcar, colesterol e à perda ou manutenção do peso. Para além disso, é também associada a um estilo de vida mais sustentável.

 

A dieta DASH  (Dietary Approaches to Stop Hypertension) segue os mesmos pressupostos da dieta mediterrânica, mas aposta no baixo consumo de sal. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), o consumo diário de sal não deve ultrapassar os 5 gramas diários (1 colher de chá), que devem englobar o sal naturalmente presente nos alimentos e o sal adicionado à parte.

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4 dicas para reduzir o consumo de sal

Na pré-diabetes, a alimentação deve incluir o consumo de alimentos ricos em fibras, pouco processados (como, por exempl, as verduras, as frutas e os cereais) e deve ser dada preferência ao uso de gorduras monoinssaturadas e polinsaturadas. Portanto, alimentos ricos em ómega-3, como o salmão, nozes e sementes são uma escolha acertada. A bebida de eleição deve ser a água! Já os alimentos açucarados devem ser evitados ao máximo.

 

Todos estes cuidados na alimentação melhoram o metabolismo do açúcar pelo nosso corpo e reduzem o risco de desenvolver doenças cardiovasculares.

 

> Perda de peso e atividade física

 

Para apresentar benefícios no tratamento da pré-diabetes, a perda de peso deve ser entre 5 a 7% do peso inicial. Este objetivo atinge-se pela combinação de uma dieta saudável com atividade física. A atividade física deve ser de intensidade moderada (ou seja, é para suar!) e, idealmente, 150 minutos durante a semana. Por exemplo, pode fazer uma caminhada em passo acelerado 30 minutos todos os dias.

 

Tratamento farmacológico

 

O uso de medicamentos na pré-diabetes é, ainda, um assunto controverso. Não existe nenhum tratamento estabelecido, mas vários estudos apontam para o uso da metformina como uma opção. Ou seja, o uso de medicação é um assunto que deve ser sempre discutido com o médico e é uma decisão altamente personalizada. O seu médico irá decidir qual a melhor abordagem de tratamento consoante o caso que tem diante de si.

 

> Metformina

 

A metformina é um antidiabético oral muito conhecido pela sua eficácia e baixo custo. Vários estudos afirmam que pode trazer benefícios na pré-diabetes ao reduzir a possibilidade do diagnóstico de diabetes (aliada, claro, a mudanças do estilo de vida). A utilização da metformina parece ser, todavia, mais indicada em indivíduos com:

 

  • Índice de massa corporal ≥ 35 kg/m2;
  • Idade inferior a 60 anos;
  • História pessoal de diabetes gestacional.

 

O seguimento do tratamento da pré-diabetes

 

O seguimento da pré-diabetes deve ser feito, no mínimo, com análises anuais para avaliar a evolução dos valores de glicemia (quer seja em jejum, quer seja após as refeições). Como já referimos, a a pré-diabetes é um alerta para um risco acrescido de vir a desenvolver diabetes, pelo que é necessário cumprir o tratamento e ir a consultas regulares. Além dos valores de glicemia, é importante controlar outros fatores de risco cardiovasculares como, por exemplo, a pressão arterial, os valores de colesterol, a exposição ao tabaco e o peso.

Referências
  • Dynamed

  • American Diabetes Association (ADA)

  • Associação Protetora dos Diabéticos de Portugal (APDP)

  • Associação Portuguesa de Nutrição (APN)

  • Direção-Geral de Saúde (DGS)

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