O impacto da diabetes por género
Sabemos que a diabetes é mais prevalente nos homens. Pelo contrário, a taxa de mortalidade por diabetes é mais alta nas mulheres. Mas afinal qual é a diferença entre ser uma mulher diabética ou um homem diabético? Venha conhecer as diferenças: chegou a guerra dos sexos na diabetes.

Sabia que há diferenças no impacto da diabetes por género. A diabetes é uma doença mais prevalente em homens na maior parte do mundo, inclusive em Portugal. Pelo contrário, o risco de mortalidade devido a esta doença é mais alta no género feminino. De facto, verifica-se uma diferença entre géneros relativamente a diversas áreas de impacto da diabetes. A diferença entre sexo masculino e feminino é uma relação complexa entre fatores genéticos, endócrinos e sociais que afetam o nosso comportamento durante a vida toda e acarretam alterações físicas importantes. Assim sendo, existem várias diferenças no impacto da diabetes relativas ao género que deve conhecer.
Complicações da diabetes por género
Doença renal
- Os homens têm mais frequentemente nefropatia diabética e uma progressão mais rápida da doença até à fase de hemodiálise. No entanto, as mulheres diabéticas hemodialisadas têm uma taxa maior de mortalidade do que os homens.
Doenças cardiovasculares
- As mulheres são mais suscetíveis a problemas no músculo cardíaco (cardiomiopatias) como, por exemplo, aumento da espessura ventrículo esquerdo.
- As mulheres têm um risco aumentado de doença coronária como consequência da diabetes maior do que os homens, tanto para eventos fatais como não fatais.
- Assim, o risco de enfarte agudo do miocárdio ou acidente vascular cerebral (AVC) associado à diabetes parece ser maior nas mulheres. A probabilidade de morte e readmissões hospitalares por estas causas é também maior para elas.
Pé diabético e neuropatia
- Mais frequente nos homens, com taxas mais altas de úlceras, neuropatia e amputações.
Doença hepática
- A doença do fígado gordo, muito comum nos doentes diabéticos, é mais comum nos homens.
Doenças oculares
- As mulheres acima dos 60 anos têm uma taxa de retinopatia diabética ligeiramente maior do que nos homens;
- Existe uma diferença mais significativa para a faixa etária acima dos 80 anos.
Colesterol alto
- Sem diferente entre sexos, é mais frequente nos doentes diabéticos com obesidade.
Saúde mental
- É importante ter em conta que a depressão duplica o risco de mortalidade nos doentes diabéticos. A ansiedade, depressão e perturbações do comportamento alimentar são mais comuns nas mulheres diabéticas do que nos homens.
Saúde sexual
- Estima-se que mais de metade dos doentes diabéticos sexualmente ativos tem algum tipo de disfunção sexual, que é muito mais frequente do que em indivíduos saudáveis.
- Os homens apresentam mais frequentemente queixas sexuais, que normalmente estão mais relacionadas com fatores fisiológicos (controlo glicose no sangue, performance física, entre outros).
- Nas mulheres a relação é mais forte com fatores psicossociais e humor depressivo e são mais frequente quando em período pós-menopausa.
Função cognitiva e física
- Mulheres têm maior risco de limitações físicas e cognitivas com a diabetes do que os homens.
- Risco geriátrico nas mulheres é o dobro do que nos homens – mais quedas, disfunção cognitiva e depressão.
Situações especiais no género feminino
O papel dos estrogénios na mulher e a menopausa
Os estrogénios têm um fator protetor na mulher quanto à diabetes tipo 2. Assim, na menopausa, com a ausência dessa hormona, essa proteção perde-se. Consequentemente, devido às seguintes alterações pode surgir diabetes:
- maior resistência a insulina (um dos fatores que contribui para a diabetes);
- menor equilíbrio do metabolismo da glicose;
- maior concentração de gordura no corpo com alteração da sua distribuição pelo corpo (mais concentrado na zona abdominal).
Há algumas particularidades nesta fase da vida que aumentam o impacto que a diabetes tem na menopausa:
- Aumento de peso, que leva a pior controlo da diabetes
- Maior risco de infeções vaginais e urinárias
- tanto a diabetes como a menopausa contribuem para este problema.
- Problemas de sono
- os afrontamentos e suores noturnos característicos da menopausa podem interferir no sono o que leva a menor controlo glicose no sangue.
- Disfunção sexual
- a diabetes leva a uma inflamação e diminuição espessura das paredes da vagina dificultando a excitação e orgasmo.
- secura vaginal característica da menopausa, acrescida aos problemas anteriores, leva muitas vezes a dor nas relações sexuais.
Adolescência e diabetes tipo 1
Tem vindo a ser provado que a diabetes tipo 1 tem um maior impacto na esfera psicológica das raparigas adolescentes. Este leva a uma menor aceitação da doença e, consequentemente, um menor controlo.
De facto, existem características específicas na diabetes relacionadas com o sexo que aumentam o risco de determinadas situações para as mulheres e de outras para os homens. Conhecê-las torna-se importante e pertinente.
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Kautzky-Willer A, et al., 2016.
Tramunt B, et al., 2019.