O tratamento com antidiabéticos orais
O tratamento da diabetes não é só insulina. Neste artigo, vamos falar sobre os outros medicamentos usados para o tratamento da diabetes tipo 2: os antidiabéticos orais.
Em primeiro lugar, e antes de falarmos sobre o tratamento da diabetes com antidiabéticos orais, é importante relembrar em que consiste a doença para compreendermos o porquê de os medicamentos serem utilizados e, afinal, como atuam de forma a serem eficazes. Antes de mais, a diabetes é uma doença crónica (ou seja, pode acompanhar o doente durante a sua vida) e tem como principal característica a hiperglicemia, isto é, o excesso de glicose (mais conhecida como “açúcar”) no sangue. A hiperglicemia é, nesse sentido, a responsável pelas complicações da diabetes: problemas adicionais que podem agravar ainda mais a saúde (problemas cardiovasculares, dos rins, bem como problemas oftalmológicos, entre outros).
Antes de tudo, a insulina é a responsável por levar a glicose desde o sangue até às células do nosso corpo para gerar energia, e é produzida pelo pâncreas. Assim, na diabetes tipo 1, o pâncreas não consegue realizar essa função. Como resultado, a glicose acumula-se na corrente sanguínea e a insulina injetável é a única opção de tratamento.
Já na diabetes tipo 2, a o tipo de diabetes mais frequente, o mecanismo da doença é diferente. A diabetes tipo 2 é caracterizada por:
- Produção inadequada de insulina pelo pâncreas;
- Vários graus de resistência à insulina que existe em circulação, isto é, a insulina está lá, mas o organismo não reage normalmente à sua presença;
- Incapacidade do corpo processar os açúcares produzidos no fígado.
Por isso, e exatamente devido a este diferente conjunto de fatores, existem então diferentes opções para tratar a diabetes a que chamamos antidiabéticos orais (além, claro, da insulina).
Tratar a diabetes tipo 2: o uso de antidiabéticos orais
Em primeiro lugar, o tratamento da diabetes tipo 2 varia consoante a gravidade da doença e as características da pessoa. Apesar das diversas alternativas medicamentosas, a abordagem inicial para o tratamento da diabetes deve ser sempre a perda de peso, dieta equilibrada e a atividade física. No entanto, quando estas mudanças no estilo de vida não são suficientes para controlar a doença, pode ser necessário partir para a toma de antidiabéticos orais.
Afinal, qual é o objetivo dos antidiabéticos orais? A sua finalidade é tratar a hiperglicemia. Existem diversas classes de antidiabéticos orais que atuam de maneira diferente no nosso organismo para controlar essa mesma hiperglicemia.
O controlo da glicemia, e por isso mesmo o sucesso do tratamento, é verificado através do resultado da hemoglobina glicada (HbA1c): o principal critério de diagnóstico para a doença. Os valores ideais de HbA1c encontram-se abaixo dos 6,5%, mas variam de indivíduo para indivíduo e devem ser discutidos com o médico. Estes valores são medidos através de uma análise ao sangue prescrita pelo médico.
Os diferentes tipos de antidiabéticos orais
Existem vários tipos de antidiabéticos orais. Tipicamente, eles são subdivididos em classes, dependendo da forma como atuam no organismo. Cada classe tem o seu nome estranho, inspirado ou no local onde atua no organismo ou na sua estrutura química. De acordo com a indicação do médico, poderá ser necessário tomar antidiabéticos orais de classes diferentes.
As classes de antidiabéticos orais disponíveis e comercializadas em Portugal incluem:
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Biguanidas: para que servem
Exemplo desta classe: metformina.
Nesta classe, o antidiabético oral mais usado é a metformina que ajuda não só no controlo glicémico como na perda de peso.
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Inibidores do SGLT-2: para que servem
Exemplo desta classe: dapagliflozina.
No rim, existem uns transportadores (chamados SGLT-2, co-transportador 2 de sódio e glicose) que, no rim, «transportam» a glicose de volta para o sangue. Os inibidores do SGLT-2, também chamados de gliflozinas, atuam nestes transportadores do rim, aumentando a eliminação da glicose que sai na urina para reduzir a hiperglicemia.
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Inibidores da DPP-4: para que servem
Exemplos desta classe: sitagliptina e vildagliptina.
A DPP-4 (dipeptidil peptidase 4) é uma enzima que participa no metabolismo da glicose, ajudando a diminuir a secreção de insulina e estimulando a secreção de glucagon (uma hormona responsável por diminuir os níveis de insulina). Os inibidores da DPP-4, também chamados de gliptinas, inibem a ação desta enzima, estimulando a secreção de insulina pelo pâncreas, diminuindo a secreção de glucagon e reduzindo a produção de glicose pelo nosso fígado.
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Glitazonas: para que servem
Exemplo desta classe: pioglitazona.
As glitazonas atuam através do aumento da sensibilidade à insulina no fígado, gordura e músculo, isto é, as células que estão nesses órgãos tornam-se mais recetivas à acção da mesma.
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Sulfonilureias: para que servem
Exemplos desta classe: gliclazida e glibenclamida.
As sulfonilureias estimulam as células do pâncreas a produzir insulina.
E a insulina, quando é usada?
Na diabetes tipo 2, a insulina fica reservada para os casos de descontrolo glicémico, mesmo após a combinação de dois ou mais antidiabéticos orais. A insulina pode ser usada logo na altura do diagnóstico se houver um valor muito alto de HbA1c (>9%) e vir a ser substituída por um antidiabético oral após atingido o controlo glicémico.
Em conclusão, sendo a diabetes uma condição crónica, sem cura e que vai evoluindo ao longo do tempo, pode ser preciso tomar mais do que um antidiabético oral diferente para melhorar o controlo glicémico. É muito importante o seguimento médico periódico e a realização de análises (nomeadamente HbA1c), de maneira a avaliar se o tratamento está a ser eficaz a controlar a doença.
American Diabetes Association (ADA)
Infomed (Infarmed)
Dynamed