Pré-diabetes: causas, sintomas e tratamentos
A pré-diabetes é a última fase para prevenir a diabetes antes que esta se instale e se torne definitiva. Pode, até, ser uma oportunidade para adotar novos hábitos e ter um estilo de vida mais saudável. Saiba o que tem de fazer.
A pré-diabetes ou hiperglicemia intermédia é uma condição em que os níveis de glicose (açúcar) no sangue estão acima do normal, mas não suficientemente elevados para ser considerada diabetes. Em 2015, segundo o Relatório Anual do Observatório Nacional da Diabetes (de 2016), 27,4 por cento da população portuguesa, entre os 20 e os 79 anos, encontrava-se numa situação de pré-diabetes, o que correspondia a 2,1 milhões de pessoas. Hoje, «continuam a existir muitas pessoas em situação de pré-diabetes», sublinha Paula Pereira, médica de Medicina Interna, revelando que «muitas delas desconhecem que se encontram nesta situação». Uma realidade preocupante, visto a pré-diabetes «ser uma condição que antecede a diabetes e em que já há alterações endoteliais (responsáveis por lesões vasculares)». Alem de que «afeta mais mulheres do que homens sobretudo devido a questões hormonais», acrescenta a especialista.
Pré-diabetes: causas, sintomas e tratamentos
Como sei se tenho?
Esta é uma condição silenciosa, dado «não ter sinais nem sintomas associados, tal como acontece na diabetes, em que estes só surgem normalmente quando os valores da glicemia já estão muito elevados». A partir daqui, segundo a médica, «a pessoa começa a ficar muito desidratada e a ter muita sede, começa a perder peso e a urinar mais do que o costume porque o organismo está a tentar expelir o açúcar em excesso no sangue». Na pré-diabetes, não havendo sinais ou sintomas, é necessário «estar atento aos fatores de risco (ver galeria abaixo), que são os mesmos associados à diabetes», indica Paula Pereira, salvaguardando que, caso estes fatores existam, «deve ir ao médico para se fazer uma avaliação da situação». Na verdade, «aconselhamos ir ao médico, quando existem fatores de risco, a partir dos 40 anos e, se não houver, a partir dos 45 anos», esclarece a médica de Medicina Interna.
Como é diagnosticada a pré-diabetes
Para avaliar se a pessoa está em situação de pré-diabetes, deve-se considerar «a anomalia da glicemia de jejum (análise feita em jejum, em que o valor de açúcar no sangue estará entre os 110 mg/dL e os 126 mg/dL) e a tolerância diminuída à glicose (quando duas horas após se ter efetuado a prova de tolerância oral à glicose os valores de açúcar no sangue estão entre 140 e 199 mg/dL)», indica Paula Pereira. É ainda reconhecida, segundo a médica, uma outra forma de diagnóstico, «baseada no valor da hemoglobina glicada (HbA1c), um parâmetro que nos dá o valor médio de açúcar no sangue, nos últimos três a quatro meses, que, no caso da pré-diabetes, vai estar entre os 5,7 por cento e os 6,4 por cento».
Como reverter a pré-diabetes
Apesar de depender de caso para caso, o seu tratamento «passa pela alteração de hábitos de vida, como começar a praticar exercício físico e adotar um padrão alimentar saudável; e a toma de medicamentos, nomeadamente de metformina», explica Paula Pereira. De acordo com a médica, na pré-diabetes «é necessário recorrer a medicação porque fazer apenas alterações comportamentais não é suficiente, visto já haver uma diminuição da produção pancreática de insulina». Após diagnosticada, a pessoa «deve ir ao médico, pelo menos, uma vez por ano, de modo a fazer análises para monitorizar a sua condição» e, se «cumprir o tratamento prescrito pelo médico e os valores da glicose voltarem ao normal, deixa de ser pré-diabético, ou seja, a pré-diabetes é uma condição da qual se pode recuperar», revela Paula Pereira.
O que acontece se a pré-diabetes não for tratada
«Se não se cumprir com o estipulado pelo médico, nomeadamente a toma da medicação, os cuidados alimentares e a prática de exercício físico, a pré-diabetes vai transformar-se em diabetes tipo 2», sublinha a especialista. E, em consequência, poderão surgir «as complicações relacionadas com esta doença». Ou seja, como «o açúcar, em vez de entrar nas células, para ser transformado em energia, começa a depositar-se em vários locais do organismo, como artérias e veias mais finas, surgem problemas a longo prazo, como cegueira, doença cardiovascular e problemas renais e nos pés. Neste último caso, começam a surgir problemas tanto ao nível da sensibilidade como da circulação, havendo tendência para o aparecimento de úlceras ou insensibilidades», conclui a médica.
Pré-diabetes: quais são os fatores de risco?
Paula Pereira, médica de Medicina Interna, indica-nos os fatores de risco da pré-diabetes:
Estilo de vida antidiabetes
Para deixar de ter pré-diabetes, além da medicação, é necessário adotar um regime alimentar saudável e praticar atividade física. A médica Paula Pereira deixa alguns conselhos:
Alimentação
Privilegie o consumo de:
- Fibra: fundamental para regular os níveis de glicose no sangue. Coma sopa e inclua salada e hortaliças no prato.
- Hidratos de carbono: opte pelos de absorção lenta como pão de centeio ou de mistura, arroz integral, batata-doce e leguminosas.
Evite:
- Açúcares: de absorção rápida, como o que se coloca no café.
- Sal: reduza o seu consumo, substituindo-o por ervas aromáticas, especiarias e sumo de limão.
- Gordura: opte por azeite para cozinhar e temperar e prefira carnes magras.
Atividade física
Em vez de passar o dia sentada e depois ir ao ginásio durante uma hora, opte por realizar atividade física durante todo o dia:
- Escolha as escadas em vez do elevador ou das escadas rolantes.
- Ande a pé em vez de usar o carro.
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Revista Prevenir