Qual a alimentação certa para a diabetes tipo 2?
A alimentação tem um papel fundamental na prevenção e no tratamento da diabetes tipo 2. Descubra o que pode e deve comer.
A diabetes tipo 2 e a alimentação estão intimamente ligadas. Quer na sua origem, já que uma dieta desregrada «pode levar ao desenvolvimento da doença, quer no seu tratamento, pois controlar a ingestão de hidratos de carbono de modo a gerir a chegada de açúcar ao sangue ajuda a controlar as glicemias», diz Maria Paes de Vasconcelos, nutricionista.
Convém lembrar que a diabetes tipo 2, a mais prevalente, resulta do excesso de açúcar no sangue. O organismo torna-se, assim, insensível à insulina e esta passa a ser produzida em grandes quantidades. Esse excesso provoca danos nas artérias, nas células cerebrais, nos rins e na visão, e causa igualmente inflamação crónica.
A alimentação é de tal forma importante que, «num estádio inicial da doença, é possível equilibrar as glicemias apenas com a distribuição dos alimentos ao longo do dia e o controlo das doses de cada refeição», refere a nutricionista.
No entanto, mesmo quando se toma medicação, o controlo alimentar, tal como o exercício físico, é fundamental para abrandar o desenvolvimento da doença. E, «acima de tudo, diminuir o risco das complicações da diabetes, como cegueira, amputação, insuficiência renal, enfarte e AVC», acrescenta a nossa entrevistada.
Alimentação equilibrada
Existe uma forte relação entre o excesso de peso e a diabetes tipo 2. «A obesidade, principalmente quando a gordura se instala no abdómen, é um dos grandes fatores que levam à diabetes tipo 2», explica a nutricionista.
Na verdade, a alimentação de quem tem diabetes deveria ser a de qualquer outra pessoa. Deve ser variada, fracionada, manter sob controlo a glicemia, o colesterol e triglicéridos, prevenindo assim o aparecimento de várias doenças, entre as quais a diabetes.
Muito importante é aliás, o consumo de hortofrutícolas (fruta, salada, legumes cozinhados…), ricos em vitaminas e flavonoides. Maria Paes de Vasconcelos recomenda «400 g por dia, ou seja, 5 porções por dia. A Roda dos Alimentos mostra bem que cerca de 1/2 da ingestão alimentar diária deveria ser composta por hortícolas (23%) e fruta (20%)».
Nesse sentido, para perceber se está a cumprir esta regra, a nutricionista propõe um exercício simples :«Imagine todos os alimentos que comeu ontem numa mesa redonda: será que 1/2 da mesa contém hortofrutícolas?». Deve-se ainda preferir alimentos integrais e leguminosas, ricos em fibra e evitar os doces, os alimentos refinados, as bebidas açucaradas e o álcool.
A American Diabetes Association (ADA) afirma que é possível diminuir em 58 % o risco de passar de pré-diabetes para diabetes tipo 2 . Para isso deve caso perder 7 % do peso e fazer exercício físico, durante 30 minutos, 5 dias por semana.
O papel da dietoterapia
A regularidade das refeições dos doentes com diabetes tipo 2 é outro fator importante.
«Cada refeição leva um certo tempo a ser utilizada pelo organismo. O objetivo será ingerir apenas os alimentos de que necessita nas 2 a 3 horas seguintes, distribuindo os alimentos ao longo do dia», explica a nuticionista. Idealmente, os diabéticos devem ser acompanhados por um nutricionista.
«O objetivo na dietoterapia da diabetes é assegurar que haja estabilidade do açúcar do sangue, evitando subidas (que são perigosas a longo prazo) e descidas (perigosas no momento). A vantagem de um plano individualizado será o de adaptar os ritmos do dia e os hábitos alimentares, melhorando a adesão e cumprimento da melhor alimentação possível», afirma a nutricionista.
Até agora, temos estado a falar sobre a diabetes tipo 2. No caso da diabetes tipo 1, que cuidados alimentares deverão ser seguidos? «É importante perceber que é possível fazer uma vida normal. Com ingestão de todos os alimentos, desde que o doente esteja treinado a dosear as tomas de insulina ao longo do dia de modo a imitar o funcionamento normal do organismo.
Ou seja, é a insulina que se adapta à comida e não a comida que se adapta à doença», responde Maria Paes de Vasconcelos. Contrariamente à diabetes tipo 2, associada ao estilo de vida, a tipo 1 é uma doença autoimune e resulta da falta de insulina, pois o sistema imunitário destrói as células beta que a produzem.
Revista Saber Viver