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A saúde das mulheres

Adotar um estilo de vida saudável é o grande segredo para viver mais anos e com mais qualidade, mas nas mulheres as hormonas têm muito a dizer no que à saúde diz respeito. Conheça os sinais aos quais deve estar atenta e aposte na prevenção.

Atualmente a esperança média de vida das mulheres portuguesas situa-se nos 83,43 anos, quase mais 6 anos do que os homens, de acordo com as Estatísticas da Saúde: 2018, do Instituto Nacional de Estatística, e divulgado já no corrente ano. Mas não basta viver mais anos, é importante fazê-lo com saúde e, para isso, a prevenção é sempre o melhor remédio e, lembre-se que as hormonas têm um papel fundamental na saúde das mulheres. Ou seja, na forma como se sentem ao longo da vida.

À descoberta da saúde das mulheres

Envelhecimento saudável

 

O corpo da mulher, tal como acontece com o dos homens, vai sofrendo alterações à medida que os anos passam, mas será possível viver mais anos com mais saúde? Teresa Branco, fisiologista na gestão do peso e coordenadora do Instituto Prof. Teresa Branco, não tem dúvidas: «Claro que sim». O segredo é «ter tido um estilo de vida saudável ao longo da vida» e esse caminho tem várias etapas: «De forma geral, todas as mulheres devem praticar atividade física adequada à sua idade e condição física.

 

À medida que a idade avança, deve ser privilegiado o trabalho de força, não descurando o treino cardiovascular. O sono também deve ser reparador em todas as idades, sendo aconselhado dormir 7 a 8 horas diárias. A ingestão de água é transversal a todas as idades, bem como a ingestão de vegetais às duas refeições principais. As proteínas saudáveis fornecidas pelos ovos, carnes magras e peixe também devem fazer parte da alimentação de todas as mulheres. Os hidratos de carbono devem ser geridos de acordo com cada organismo e de acordo com o nível de atividade física de cada um», ensina a fisiologista na gestão do peso.

 

Personalizar a medicina

 

Para Andreia de Almeida, médica de medicina funcional e anti-aging, «o conceito de otimizarmos um processo natural de longevidade deve ser pensado sobre o que podemos fazer hoje que nos leve a uma vida mais longa e saudável e sobre o que será possível no futuro. Podemos presumir que existe, para cada pessoa, uma expectativa de vida máxima que pode ser alcançada com a medicina moderna e com opções de estilo de vida e dieta adequadas».

 

A médica diz haver «várias opções que podemos fazer no nosso dia a dia que influenciam como vamos envelhecer. Podemos adotar uma restrição calórica, praticar exercício regularmente, manter relacionamentos equilibrados e gerir o stresse (que nos promove stresse celular oxidativo e envelhecimento), como também devemos otimizar os níveis nutricionais como a vitamina D3, o magnésio, as vitaminas do complexo B, etc., bem como reequilibrar as nossas hormonas. Todos estes fatores irão interferir na epigenética, ou seja, como os nossos genes se expressam e como o risco de doenças relacionadas com o envelhecimento pode aumentar com o passar da idade».

 

Andreia de Almeida garante que «o verdadeiro segredo é adotarmos um estilo de vida saudável, incluindo uma dieta baseada em vegetais, manter fortes as nossas redes familiares e emocionais e controlarmos o stresse por meio de exercício e atividades espirituais. Criarmos a nossa própria”Zona Azul” nas nossas casas», aludindo às Zonas Azuis, «conceito definido por Dan Buettner, conhecido como o “explorador da longevidade” que identificou 3 áreas geográficas do mundo onde as pessoas vivem mais: Okinawa (Japão), Sardenha (Itália) e Loma Linda (Califórnia). Sabemos que essas populações vivem vidas mais saudáveis e por mais tempo, com um alto índice de centenários, e com menos das doenças que comummente matam pessoas em outras partes do mundo desenvolvido».

 

Sinais a ter em conta

 

Quais são os sintomas aos quais as mulheres devem estar atentas nas diferentes idades? Teresa Branco diz que «são inúmeros os sinais que podem contribuir para alterações prejudiciais no organismo da mulher, mas alguns são transversais a todas estas idades. O aumento do peso, a perda de massa muscular, a falta de energia, a desregulação do sono, a retenção de líquidos são alguns desses sinais. A tensão mamária, o acne, a secura vaginal, o aumento da pilosidade, as irregularidades menstruais, as dores menstruais são também sintomas de desequilíbrio antes da menopausa. Os afrontamentos, a secura vaginal, o aumento da celulite, a perda de memoria e a diminuição da libido são sintomas mais recorrentes na pós-menopausa».

 

Nas consultas de medicina anti-aging, Andreia de Almeida diz «acompanhar as mudanças hormonais que ocorrem nas diferentes idades. Seja aos 30, 40 ou 50 anos, cada fase de vida tem diversas exigências (desde irregularidades no ciclo menstrual a alterações no sono e humor ou difícil gestão de peso), para as quais existem soluções para reequilibrar as hormonas». Mas independentemente da idade, afirma a médica, que também é autora do livro Saúde para Elas (Bertrand Editora), «são vários os diferentes problemas que afetam muitas mulheres independentemente da idade. As queixas mais comuns ouvidas em consultório são: mudanças de humor como se fosse uma adolescente de novo; uma sensação de névoa cerebral; quase tanto interesse em sexo quanto em pagar os impostos; falta de energia, dores no corpo e cansaço constantes; dificuldade em perder peso mesmo com os cuidados alimentares; falta de entusiasmo mesmo nas coisas que antes gostavam de fazer…».

 

Em comum todas elas têm «hormonas flutuantes ou desequilibradas», alerta Andreia de Almeida. Não nos podemos esquecer, como diz Teresa Branco, que as hormonas «regulam todo o nosso organismo e o seu défice ou o seu excesso podem contribuir para um funcionamento desequilibrado ao nível do envelhecimento, da reprodução, da gestão do peso, entre outos processos».

 

Mudanças entre os 30 e os 40

 

Andreia de Almeida garante que «o nosso corpo é uma orquestra hormonal perfeitamente ajustada e mesmo pequenas mudanças podem produzir enormes efeitos colaterais. Em algum momento entre os 30 e 40 anos, os níveis hormonais mudam conforme o corpo avança da perimenopausa em direção à menopausa. Muitas mulheres não percebem que essas mudanças podem acontecer desde os 35 anos e que cada uma é diferente. Mas uma coisa os especialistas de anti-aging sabem, os suplementos e modulação hormonal com hormonas bioidênticas podem ser ferramentas eficazes», explica a médica.

 

De acordo com Teresa Branco, «as mulheres em todas as idades devem visitar o seu ginecologista uma vez por ano e realizar um exame de observação. A partir dos 30 anos são recomendados exames de diagnóstico que incluem analises clínicas, ecografias e mamografias. A regularidade desses exames deve estar relacionada com o enquadramento clínico de cada uma».

 

Ter um acompanhamento médico regular e personalizado é importante e é isso que preconiza a medicina funcional e anti-aging, «que são duas especialidades médicas que se focam numa abordagem personalizada e preventiva de atrasar o processo de envelhecimento e o aparecimento de desequilíbrios e/ ou doenças», refere Andreia de Almeida. A médica acrescenta ainda que «a grande vantagem é que quando abordamos a causa raiz, ao invés dos sintomas, vemos o indivíduo como um todo e procuramos identificar os gatilhos e fatores de complexidade da doença. Podemos descobrir que uma doença pode ter muitas causas diferentes e, da mesma forma, uma causa pode resultar em muitas doenças diferentes».

 

A menstruação como termómetro

 

O ciclo menstrual pode dizer muito sobre a sua saúde, escreve Andreia de Almeida no Saúde para Elas: «Menstruações regulares entre a puberdade e a menopausa significam que o seu corpo está a funcionar normalmente ou seja, a fisiologia está em equilíbrio (…). Problemas menstruais, como períodos irregulares ou dolorosos pode ser sinal de um desequilíbrio com uma possível evolução negativa ou levar a outros problemas de saúde, incluindo dificuldade em engravidar». No mesmo livro, lê-se ainda que, num ciclo típico de 28 dias, na primeira metade (as duas semanas após o início da menstruação), é normal sentir-se com mais energia, maior memória, maior tolerância à dor e ao cansaço e maior desejo sexual. Já na segunda metade do ciclo, é normal sentir-se mais cansada, mais esquecida, ter mais apetite e compulsão alimentar, agravamentos dos sintomas se tiver um problema de saúde (depressão, síndrome do intestino irritável, enxaqueca ou asma e, se tiver diabetes, poderá ter mais dificuldade de controlar a glicose).

 

A fertilidade, ou falta dela, é um dos problemas que mais preocupa as mulheres em idade fértil. No livro Saúde para Elas, Andreia de Almeida lembra que há vários fatores que contribuem para a infertilidade, a saber: «Químicos ambientais abundantes, exposição a longo prazo a medicamentos que causam interrupções hormonais (pílulas) e utilização de pesticidas alimentares».

 

De acordo, com a Associação Portuguesa de Fertilidade (APF), a infertilidade pode ser definida como «o resultado de uma falência orgânica devida à disfunção dos órgãos reprodutores, dos gâmetas. Um casal é infértil quando não alcança a gravidez desejada ao fim de um ano de vida sexual contínua sem métodos contracetivos. Esta definição é válida para o casal com vida sexual plena, em que a mulher tem menos de 35 anos de idade e em que ambos não conhecem qualquer tipo de causa de infertilidade. Também se considera infértil o casal que apresenta abortamentos de repetição (a partir de 3 consecutivos)». Segundo a APF, a prevalência da infertilidade conjugal é de 15 a 20% na população em idade reprodutiva. A taxa de infertilidade masculina é similar à taxa de infertilidade feminina. Em média, 80% dos casos apresentam infertilidade nos 2 membros do casal.

 

Menopausa não é sentença

 

No outro extremo das preocupações, temos a menopausa, mas, como diz Andreia de Almeida, «nos dias de hoje, não há necessidade de as mulheres se preocuparem ou mesmo assustarem com a menopausa. A medicina anti-aging está em constante evolução e, por meio da realização de doseamentos hormonais, a modulação hormonal pode ser ajustada às necessidades específicas do perfil de saúde de cada mulher. A menopausa é definida como 12 meses consecutivos sem menstruação. O que esse termo não nos diz é nada sobre os 10 a 15 anos que antecedem essa data e como ela pode trazer consigo muitos sintomas que nos impedem de estarmos no nosso melhor. As mudanças hormonais da menopausa afetam cada parte do interior e exterior da mulher: o cérebro, mudanças de humor, saúde cardiovascular, óssea, níveis de energia, peso, pele, sono e autoconfiança».

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Diabetes e menopausa: o que deve saber

A médica realça ainda que «as mulheres devem aprender a reconhecer e interpretar os sinais do seu corpo. A menopausa é um processo biológico natural. Mas os sintomas físicos, como ondas de calor e sintomas emocionais, podem atrapalhar o sono, diminuir a energia ou afetar a saúde emocional da mulher, mas não tem de ser assim».

 

Os «seus sintomas podem ser minimizados pois a medicina evoluiu no sentido de dar mais qualidade de vida às mulheres nesta fase. Será possível viver sem afrontamentos, com melhor tonicidade muscular e da pele, com mais densidade óssea, com uma vida sexual mais ativa e saudável, desde que estejam convenientemente acompanhadas», explica Teresa Branco. Andreia de Almeida adianta que «existem muitos tratamentos eficazes disponíveis, desde ajustes no estilo de vida, suplementação até a terapia de modulação hormonal com hormonas bioidênticas».

 

«As mulheres não precisam de simplesmente sorrir, preparar-se e aceitar o envelhecimento. A ciência é clara e existem maneiras de reiniciarmos a nossa biologia e mudarmos a nossa aparência, saúde e a forma como nos sentimos. A mulher não se deve contentar com “faz parte da idade”, merece sentir-se fabulosa, independentemente da idade», conclui Andreia de Almeida.

Ir ao médico nas diferentes idades

20 e 30 anos

 

Além de um check-up anual, deve ser feita uma consulta de ginecologia também todos os anos, onde são feitos os exames ginecológicos. Todas as mulheres que estão a pensar engravidar devem fazer uma consulta pré-natal. Não esquecer ainda o autoexame da mama e da pele para ver os sinais.

 

40 anos

 

A juntar a tudo o que está atrás, é por volta desta idade que deve ser feita a primeira mamografia, caso não haja antecedentes de cancro da mama na família. Até aos 50 anos, recomenda-se que seja feita anualmente. É importante ir ao otorrinolaringologista, consulta que deverá ser repetida de 3 em 3 anos.

 

50 anos

 

A mamografia passa a ser feita de 2 em 2 anos, até aos 69 anos. É nos 50 anos que também se aconselha a colonoscopia, que deve ser repetida de 5 em 5 anos, caso não seja detetado qualquer problema. É também aqui que deve fazer uma densitometria óssea, que ajuda no diagnóstico da osteoporose.

Hormonas, amigas ou inimigas?

«As hormonas são os nossos mensageiros químicos que enviam sinais para o cérebro, coração, ossos, músculos e órgãos reprodutivos, mas também determinam os nossos padrões de sono, apetite, stresse, libido, felicidade e ansiedade», explica Andreia de Almeida, médica. A especialista em medicina funcional e anti-aging realça que, de forma simplista, podemos dividir as nossas hormonas em 3 sistemas:

 

Hormonas da tiroide

 

Os seus desequilíbrios podem produzir 2 extremos de sintomas, dependendo se a tiroide está hipoativa (hipotireodismo) ou hiperativa (hipertireoidismo). Entre os sintomas mais comuns destacam-se:

 

  • Prisão de ventre
  • Cansaço e anemia
  • Ganho de peso
  • Letargia
  • Problemas com pele, cabelos e unhas

 

Hormonas adrenais

 

Este sistema inclui as hormonas do stresse, como o cortisol e a DHEA, que determinam como o corpo responde ao stresse, enquanto regula outros processos metabólicos, a pressão sanguínea e o sistema imunológico. Os sintomas de desequilíbrios das hormonas adrenais são:

 

  • Gordura abdominal
  • Problemas com tolerância ao stresse
  • Fadiga e cansaço inexplicáveis
  • Alterações no ciclo circadiano (ou seja, estar acordada durante a noite e não acordar o suficiente durante o dia)

 

Hormonas sexuais

 

Acompanham todas as mudanças e fases de vida por que passamos, desde o nascimento, adolescência com a chegada da primeira menstruação, a fertilidade e todo o envelhecimento. Entre os sintomas de desequilíbrio das hormonas sexuais, estão:

 

  • Menstruações irregulares
  • Ganho de peso
  • Mudanças de humor
  • Ciclos menstruais dolorosos
  • Dor mamária
  • Alterações do sono
  • Infertilidade
  • Retenção de líquidos

Melhorar a fertilidade

Embora, alguns fatores estejam fora do seu controlo, há coisas que pode fazer em prol da sua fertilidade.

 

  • Faça boas escolhas nutricionais, isto passa por aumentar a ingestão de gorduras saudáveis e de alta qualidade (abacate, nozes, sementes e peixes gordos pequenos).

 

  • Opte por hidratos de carbono complexos, como legumes sem amido, fruta, feijão e outras leguminosas. Níveis elevados de açúcar no sangue têm sido associados à infertilidade ovulatória.

 

  • Aumente o consumo de alimentos ricos em ferro, como o feijão, beterraba, abóbora, espinafre e tomate.

 

  • Alguns suplementos alimentares como a vitamina D3, óleo de peixe e probióticos podem ser importantes para quem está a tentar engravidar.

 

  • Um programa individualizado de acupuntura pode ajudar o corpo, porque foca-se no reequilíbrio hormonal, redução de stresse e na regulação do sistema nervoso autónomo. A acupunctura também pode aumentar a taxa de sucesso das terapias de fertilidade assistida.

 

  • Manter os níveis de cortisol baixos também ajuda e, nesse campo, o exercício físico, o sono e o relaxamento são fundamentais.
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Porque é que o excesso de açúcar envelhece?

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Referências
  • Revista Saber Viver

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