Diabetes e coronavírus: o que precisa de saber
O novo vírus COVID-19 tem vindo a espoletar grandes preocupações um pouco por todo o mundo. Eis o que as pessoas que têm diabetes precisam de saber (e o que se sabe até ao momento).
Nos últimos meses, o coronavírus conhecido pela doença COVID-19, nome atribuído pela Organização Mundial de Saúde (OMS), à doença provocada por um novo coronavírus (SARS-COV-2), tem sido o centro das atenções, um pouco por todo o mundo. Com o número de casos e de mortes a aumentar de dia para dia, é importante que se mantenha alerta e sobretudo que tenha consigo toda a informação de que precisa. Afinal, com a informação e medidas preventivas não há razão para alarme. Assim resumimos o que precisa de saber sobre a diabetes e coronavírus.
Diabetes e coronavírus: quem tem diabetes deve ter atenção redobrada?
Sim. Vários relatórios mostram-nos que a junção de diabetes e coronavírus pode provocar sintomas mais severos e complicações. Mas isso só acontece nas pessoas com diabetes? Não. O que os relatórios nos mostram é que à medida que a idade avança e a pessoa tem problemas de saúde, a COVID-19 parece ter maior impacto.
Observando os dados publicados pelo Worldometer (atualizados a 29 de Fevereiro de 2020), o risco de mortalidade causada por coronavírus numa pessoa com > 80 anos é de 14,8%, comparativamente a 8% na faixa etária entre os 70 e os 79 anos, reduzindo ainda para 3,6% em pessoas entre os 60 e os 69 anos. E em pessoas com menos de 60 anos? O risco está, em todas as faixas etárias abaixo dos 1,3%.
Observando agora o risco de mortalidade calculado tendo em conta as condições de saúde subjacentes, o risco para quem não tem qualquer problema de saúde é de apenas 0,9%. Entre as condições que parecem aumentar o risco de mortalidade por coronavírus estão as doenças cardiovasculares (10,5%), a diabetes (7,3%), doenças respiratórias crónicas (6,3%), hipertensão (6%), cancro (5,6%).
Procure manter a calma. Afinal, são muito mais os casos de pessoas que recuperaram da infeção por coronavírus, do que os casos fatais.
Lembre-se ainda de que, os números apresentados são temporários e estão a ser avaliados em tempo real. Ou seja, há ainda muito a investigar e será, depois, necessário estudar o surto retrospetivamente para ter uma visão mais clara e mais precisa sobre o que se passa.
E o que é afinal o SARS-COV-2?
O SARS-COV-2 é um novo vírus que nunca tinha sido ainda identificado em humanos, da família coronavírus. Chamam-se corona devido ao seu aspeto microscópico: parecem ter uma coroa, cuja palavra, em latim, é corona.
Os coronavírus são uma família grande de vírus que podem provocar doenças desde uma simples constipação até problemas mais severos, como a pneumonia. Sabe-se que os coronavírus podem ser transmitidos entre pessoas e animais, e que existem vários coronavírus identificados em animais, que ainda não infetaram humanos.
A transmissão parece ocorrer através das gotículas que são expelidas no momento em que uma pessoa infetada espirra ou tosse.
Conheça os sintomas
Os sintomas de coronavírus podem aparecer entre 2 a 14 dias após a exposição ao vírus (sendo que o período de incubação se encontra ainda em investigação). Podem incluir:
- Febre
- Tosse
- Sensação de falta de ar
Lembre-se de que os sintomas de COVD-19 são os de uma constipação ou gripe e são, por isso, necessários testes para confirmar a presença do vírus.
Medidas preventivas
Em geral, e especialmente caso possa estar em ambientes com potencial presença de infeção por coronavírus, deverá ter cuidados redobrados para evitar a infeção:
- Lave as mãos com frequência, se possível com um produto à base de álcool;
- Procure manter alguma distância de pessoas com sintomas de constipação ou gripe;
- Evite tocar com as mãos nos olhos, nariz e boca;
- Ao espirrar ou tossir, cubra sempre o nariz e a boca com o cotovelo dobrado ou com um lenço que deve, depois, deitar fora;
- Não partilhe comida, utensílios, copos e toalhas.
Em caso de suspeita de infeção
Caso suspeite de infeção por coronavírus, quer por sentir os sintomas mencionados, por ter contactado com alguém com a infeção ou por ter regressado de um país com casos de COVID-10, em primeiro lugar mantenha a calma.
Não se dirija para o hospital ou centro de saúde: ligue para o SNS 24 (808 24 24 24) para reportar o seu caso e para esclarecer as suas dúvidas.
Existe tratamento?
Tal como em qualquer gripe ou constipação, não existe um tratamento específico para o vírus COVID-19. O tratamento é apenas sintomático, ou seja, é feito para atenuar os sintomas. A maioria dos vírus são autolimitados, ou seja, o sistema imunitário consegue eliminá-los com o tempo, ainda que possam ser mais perigosos para as pessoas mais vulneráveis.
Caso seja infetado por coronavírus e tem diabetes, deverá seguir as indicações dos profissionais de saúde e reforçar cuidados, como:
- Manter a hidratação;
- Controlar a glicemia;
- Vigiar a temperatura;
- Controlar a presença de cetonas (diabetes tipo 1).
Garanta ainda que tem suficiente medicação em casa para a diabetes, para os sintomas de coronavírus (fármacos como o paracetamol, por exemplo) e para outras condições de saúde que tenha, bem como material para fazer as medições de glicemia. É importante que mantenha o maior controlo sobre a sua saúde possível (ou seja, sobre as condições de saúde que tem).
Os antibióticos não ajudam a tratar gripes e constipações?
Não. Os antibióticos tratam as doenças que são provocadas por bactérias. Os vírus têm estruturas diferentes das bactérias e não são afetados pelos antibióticos. Mas poderá estar a perguntar-se: se há pneumonias que se tratam com antibiótico, porque não tratar a COVID-19 com antibiótico? Porque as pneumonias podem ser provocadas por bactérias, vírus ou até fungos. Quando uma pneumonia é bacteriana, o antibiótico é o tratamento indicado. Quando é provocada por um vírus, o antibiótico não terá qualquer efeito sobre o vírus.
Para mais informações, poderá ainda consultar o guia desenvolvido pela Associação Protetora dos Diabéticos de Portugal (APDP) sobre a diabetes e coronavírus: consultar aqui.
Informação atualizada a 13 de Março de 2020.
World Health Organization (WHO)
Worldometer
Direção-Geral de Saúde (DGS)
Associação Protetora dos Diabéticos de Portugal (APDP)
Diabetes UK
American Lung Association