Diabetes sob controlo
Disfunção erétil e pé diabético são algumas das complicações que pode evitar se conseguir manter a diabetes sob controlo.
Uma perspetiva do Congresso Nacional da Associação Protetora dos Diabéticos de Portugal (APDP): O Retrato dos Vários Lados da Diabetes. Destacamos algumas ideias sobre administração da insulina, disfunção erétil e pé diabético para poder gerir melhor o tratamento para a diabetes e prevenir algumas complicações.
Insulina
Evite o aparecimento de nódulos
A insulina pode ser administrada em várias partes do corpo, como o «abdómen (evitar 3 centímetros em redor da cicatriz umbilical), parte superior das coxas, nádegas e face posterior dos braços», refere Ana Cristina Paiva, enfermeira na APDP. É, contudo, necessário fazer uma rotação dos locais, ou seja, é importante que a insulina não seja administrada sempre no mesmo sítio. «A pessoa deve injetar a, pelo menos, 3 centímetros do ponto da última administração, de modo a facilitar a sua ação e evitar a formação de lipo-hipertrofias (nódulos de gordura e insulina), que poderão interferir na sua absorção».
Em caso de formação destes nódulos, «apesar de indolores, é fundamental que se administre a insulina noutras zonas do corpo», refere Ana Cristina Paiva. Nestes casos, a pessoa deve falar com a sua equipa de saúde para ver se é necessário diminuir as doses de insulina que se encontra a fazer», justifica a enfermeira. As lipo-hipertrofias acabam por ser «reabsorvidas pelo organismo, mas demoram muito tempo e não devem ser massajadas», remata. Para fazer uma boa gestão dos locais de administração da insulina, pode-se fazer um plano de rotação dos locais de administração, recorrendo a um esquema com a representação corporal dos locais e pedindo auxílio ao médico ou ao enfermeiro para elaborar o mais adequado às necessidades.
Aprenda já
Insulina de ação rápida ou ultrarrápida
- «Pode ser injetada nos diferentes locais (abdómen, coxas, nádegas, braços), uma vez que a sua absorção não está relacionada com o local onde é injetada.»
- «O abdómen é, contudo, o sítio ideal por ser uma zona mais vascularizada e mais quente, o que proporciona uma absorção mais rápida e previsível.»
Insulina de ação intermédia e lenta
- «A coxa é a localização privilegiada e, em alternativa, a região das nádegas.»
- «Nos braços, a absorção é semelhante à das coxas, não sendo, contudo, recomendados por apresentarem menor camada de tecido cutâneo.»
Disfunção erétil
Evite que chegue 15 anos mais cedo
A disfunção erétil é «a incapacidade constante ou recorrente (há, pelo menos, 3 meses) de obter ou manter uma ereção com rigidez suficiente para ter uma relação sexual», revela Carlos Monteiro, médico urologista. Segundo o especialista, «pode chegar 15 anos mais cedo em consequência da diabetes, afetando 66 a 90 % dos homens que sofrem desta doença», porque a ereção «é um fenómeno vascular e neurológico e as complicações da diabetes são precisamente a degradação destes sistemas».
A disfunção erétil nos diabéticos pode, contudo, ser prevenida «se o doente mantiver a sua diabetes controlada, conseguir controlar os fatores que condicionam a ereção ― como fumar, obesidade, hipertensão arterial e colesterol ― e, sobretudo, «se praticar exercício físico». Este, na verdade, é «o fator isolado que mais preserva a ereção», salienta o médico urologista, acrescentando que o exercício físico «diminui em 70 % o risco de disfunção erétil em 8 anos».
No entanto, também «a alimentação tem um papel importante ao nível da prevenção e do tratamento desta condição», contribuindo, tal como o exercício físico, para «diminuir a resistência a insulina, melhorar o controlo da glicemia e o perfil tensional e lípido e aumentar a testosterona», conclui Carlos Monteiro.
O que pode fazer
- «Faca exercício físico pelo menos 3 vezes por semana.»
- «Todo o tipo de exercício é bom, mas opte, sobretudo, por exercício dinâmico, como caminhada, natação e corrida.»
- «Mantenha uma alimentação saudável, evitando doces e uma ingestão excessiva de gorduras.»
Pé diabético
Vigie de perto os seus pés
O pé diabético é uma das complicações mais frequentes na diabetes, acontecendo quando a quantidade de oxigénio que chega aos pés é insuficiente (porque as artérias estão parcialmente ou totalmente «entupidas» e não permitem que o sangue chegue em quantidades suficientes). Em consequência, os tecidos do pé ficam mais sensíveis e, quando surge alguma ferida (úlcera), há mais dificuldade em cicatrizar, podendo, em casos mais graves, causar morte dos tecidos (necrose) e ser necessário amputar. Daí a importância de a pessoa com diabetes fazer um controlo glicémico apropriado e cuidar dos pés, bem como vigiá-los constantemente.
- Use as meias do avesso para não ficar com a marca da costura no pé;
- Utilize meias claras porque as pretas mascaram possíveis alterações;
- Mantenha os pés secos, mudando regularmente de sapatos e meias;
- Seque bem os pés depois do banho e não ande descalço, mesmo dentro de casa;
- Não use sapatos demasiados apertados ou que rocem uma área particular do pé;
- Substitua anualmente os sapatos ou com mais frequência caso exibam desgaste;
- Reporte qualquer lesão, descoloração ou inchaço a um profissional de saúde.
Informação adaptada de dados da Associação Protectora dos Diabéticos de Portugal (APDP) e do 3º Congresso Nacional APDP
Revista Prevenir