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Já ouviu falar em burnout da diabetes?

Viver diariamente com diabetes pode ser psicologicamente desafiante, por vezes até desgastante. Conheça o conceito de burnout da diabetes e como reagir.

Burnout da diabetes? Que coisa estranha! No entanto, a diabetes, sendo uma doença crónica, sem «cura», envolve todo um processo de aceitação e adaptação à própria doença, bem como às implicações a longo prazo que esta tem no seu dia a dia. Viver permanentemente com os desafios impostos por esta doença pode eventualmente provocar cansaço ou sentimentos negativos, como revolta, negação ou frustração. E inclusivamente conduzir um estado de burnout.

O que é um burnout?

A OMS define burnout como um «stresse crónico», muitas vezes associado ao stresse profissional. Esta síndrome pode traduzir-se por:

 

  • sentimento de exaustão, incompetência, fracasso ou insegurança;
  • esgotamento de energia/ cansaço excessivo;
  • nervosismo;
  • alterações na frequência cardíaca, no apetite ou no humor;
  • insónia;
  • dificuldades de concentração.

 

Isto também pode suceder a uma pessoa que tem diabetes, que, ao lidar todos os dias com a complexidade de gestão da doença, pode desenvolver um stresse, e mesmo sofrimento, prolongados. Caso este estado de exaustão leve a pessoa a descurar os cuidados necessários à gestão da diabetes, estamos perante um burnout da diabetes.

Sinais de burnout na pessoa com diabetes

Cada pessoa vive as suas emoções de maneira muito diferente. A forma de viver a adaptação à diabetes é, de igual forma, diferente de pessoa para pessoa, quer tenha diabetes tipo 1 ou tipo 2. O facto de não ver os valores da glicemia controlados, não ter a certeza do que pode ou não comer, a preocupação de vir a ter complicações da diabetes, ter de tomar medicamentos ou fazer injeções… Por vezes pode fazê-lo sentir-se triste, frustrado, culpado ou com medo.

 

É normal, e faz mesmo parte do processo de aceitação, ao ser diagnosticado com diabetes. Mesmo no caso de ter diabetes há vários anos, às vezes, pode sentir um certo cansaço ou desgaste nesta gestão diária. No entanto, estes sentimentos podem tomar proporções avassaladoras, podendo causar um sofrimento constante, diário. É importante conhecer alguns sinais de alerta a que deve estar atento, para saber se está a lidar com um burnout da diabetes, como por exemplo:

 

  • sente-se zangado com a diabetes e frustrado com a exigência que esta lhe traz ao longo dos anos, e sente que o seu esforço é em vão;
  • preocupa-se com o facto de não cuidar bem da sua diabetes, mas não se sente motivado para fazer qualquer mudança;
  • cancela consultas, evita avaliar a sua glicemia capilar, ou não a avalia tantas vezes quanto o necessário, altera os valores no livro de registo para «parecer melhor» ou deixa de fazer as injeções de insulina ou tomar os antidiabéticos orais;
  • faz regularmente escolhas alimentares que sabe que não são saudáveis, ou não faz qualquer actividade física, mesmo sendo fisicamente capaz de o fazer;
  • sente-se sozinho e isolado nesta situação.

 

Reconhecer estes sintomas é essencial para procurar ajuda, antes que atinja o seu limite, podendo até conduzir a uma depressão. Ao mesmo tempo, são sinais de que não está a cuidar da sua diabetes correctamente, o que vai aumentar a probabilidade de vir a ter complicações da diabetes a longo prazo. Por estes motivos, deve tomar consciência do que está a sentir e não ignorar nem reprimir os seus sentimentos. Se é o seu caso, agora é o momento certo para agir e procurar ajuda, não espere até não aguentar mais.

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A conexão entre diabetes e depressão

O que fazer para prevenir o burnout da diabetes?

A diabetes é uma doença muito comum, que afeta uma grande percentagem da população. Muitas pessoas lidam com ela diariamente e todas elas têm de descobrir mecanismos para viver com as suas particularidades. É uma doença crónica, que vai acompanhá-lo sempre na sua vida futura, pelo que deve aceitá-la e procurar integrá-la no seu modo de vida e interagir com ela da forma mais tranquila possível, para que não interfira com a sua qualidade de vida e bem-estar.

 

Por vezes é difícil de gerir, mas seja compreensivo consigo próprio e não se culpabilize se não apresentar os valores de glicemia desejados. Pode haver dias em que a glicemia parece não refletir o seu esforço para a controlar, mas lembre-se que este nunca é em vão, não procure ser demasiado perfeccionista. Relativize, siga o seu tratamento e as recomendações do seu médico e equipa de saúde e não deixe que os valores o perturbem na sua motivação e empenho em cuidar da sua saúde e bem-estar.

 

Evite não ter expectativas demasiado altas quanto ao baixar as suas glicemias: comece por estabelecer pequenos objetivos, mais realistas e mais facilmente alcançáveis. Por exemplo, aumentar o tempo que faz exercício físico, beber mais água, comer menos doces…Passo a passo, estará a percorrer um caminho favorável à conservação da sua saúde e melhorar o seu controlo metabólico.

 

Às vezes também é importante relaxar e tirar um tempo para si, de forma a não se focalizar em demasia na diabetes: faça uma massagem, faça uma atividade que lhe dê prazer, convide um amigo para um passeio, sem descurar os cuidados inerentes à diabetes. Controle a diabetes, não deixe a diabetes controlá-lo a si.

É normal, não está sozinho!

Acima de tudo, deve perceber que não está sozinho neste processo. Apoie-se na sua família ou amigos, e fale sobre o que sente.

 

O acompanhamento por um profissional de saúde ou equipa multidisciplinar é fundamental, pois vai apoiá-lo neste processo, de uma forma global e individualizada. A relação terapêutica que vai estabelecer com a equipa de saúde vai ajudá-lo tanto no plano físico (como o controlo das glicemias, adaptação da medicação, vigilância das complicações da doença) como no plano psicológico (as suas emoções, o processo de aceitação da doença) e mesmo no plano social (como se integra na sociedade, a relação com os seus pares).

Referências
  • Prevenir

  • Diabetes UK

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