A diabetes e a apneia do sono
Principalmente na diabetes tipo 2, mas também na diabetes tipo 1, a apneia do sono é comum, recorrente e pode ser um problema grave se não vigiado.
A apneia do sono é um distúrbio que se caracteriza por pausas na respiração durante o sono. Há várias formas de apneia do sono, sendo a obstrutiva – Apneia Obstrutiva do Sono (AOS) – a mais comum, onde o ar fica bloqueado nas vias aéreas superiores (nariz, boca, faringe e laringe, por exemplo) o que causa a tal pausa na respiração.
A apneia obstrutiva do sono é normalmente definida por interrupções ou uma diminuição do fluxo de ar de, pelo menos, 10 segundos associados:
- uma estimulação por parte do cérebro para reiniciar a respiração, ou;
- uma hipoxia, que é não mais que uma baixa de concentração de oxigénio, exatamente por o ar não fluir.
Ocorre 2 a 3 vezes mais nos idosos e é 2 vezes mais comum nos homens do que nas mulheres.
A apneia do sono e a diabetes tipo 2
A diabetes tipo 2 e a apneia obstrutiva do sono são distúrbios comuns que coexistem muitas vezes. Há uma prevalência grande deste problema nas pessoas com diabetes tipo 2 que está essencialmente relacionada com o facto de o metabolismo destes doentes estar comprometido, ou seja, há incapacidade de algumas células do organismo fazerem as funções básicas que lhe competem. É interessante notar que o contrário também acontece. Há uma prevalência mais elevada de diabetes tipo 2 nas pessoas com apneia do sono.
Uma das explicações para esta relação é o facto de a obesidade ser tanto um fator de risco tanto para um como para o outro problema. Logo, pessoas com excesso de peso têm mais probabilidade de vir a sofrer destas patologias. Ainda assim, há estudos que mostram que este fator não tem de estar presente para se estabelecer esta relação, pelo que a causa continua a não ser totalmente clara.
Estar atento e tratar
Não é por isso de estranhar que as recomendações para o tratamento da apneia obstrutiva do sono passem pela:
- Redução do peso em pessoas com excesso de peso e obesidade.
Mas também pela:
- Redução do consumo de álcool.
- Uso de aparelhos CPAP (em inglês: Continuous Positive Airway Pressure), dispositivos usados para manter uma pressão regular sobre as vias aéreas mantendo-as abertas.
Em doentes com diabetes tipo 2 é normal que o médico tente perceber se há também apneia do sono e vice-versa. Podem ser levados a cabo exames simples para perceber se existe doença metabólica e se os níveis glicémicos do doente estão elevados.
No doente com diabetes tipo 2, os sinais que podem espoletar essa desconfiança de que a apneia está presente são geralmente um ressonar alto e contínuo, uma sonolência durante o dia e, claro, interrupções na respiração durante o sono, detetadas por outra pessoa.
Recomendações Internacionais
Ainda assim, como a diabetes a apneia obstrutiva do sono estão relacionadas com um aumento de complicações (e até mortalidade) cardiovasculares, a International Diabetes Federation (IDF) tem vindo a recomendar que seja promovida a educação para este problema junto do público, a melhoria da prática clínica junto dos profissionais de saúde e o aumento do número de estudos e investigações sobre o tema que possam ajudar a clarificar melhor esta relação.
A apneia do sono e a diabetes tipo 1
Há poucos estudos que relacionem a diabetes tipo 1 com qualquer tipo de apneia de sono e mais estudos são necessários para entender por inteiro esta relação. No entanto, um estudo estado-unidense de 2016 do Center for Narcolepsy, Sleep and Health Research, da Universidade do Ilinóis, Chicago, mostra alguma informação interessante.
Parece haver alguma evidência de que, adultos e crianças com diabetes tipo 1 têm um sono alterado – e a qualidade do mesmo reduzida – por comparação com pessoas sem diabetes. Esta alteração pode estar relacionada com comportamentos e aspetos psicológicos que resultam do que os doentes têm de vivenciar com vista ao controlo da doença.
Parece também que há uma relação entre a presença da apneia obstrutiva do sono e um deficiente controlo da glicemia, ou seja, dos níveis de açúcar no sangue. Noutra relação interessante: é normal que durante o sono a pressão arterial baixe um pouco porque o organismo está em repouso, facilitando o descanso. Na diabetes tipo 1 isso pode não acontecer de forma a que o organismo repouse, levando assim um sono mais curto.
A apneia do sono é um dos mais comuns distúrbios do sono. A apneia obstrutiva do sono e a diabetes tipo 2 geralmente ocorrem juntas e há evidências suficientes que provam esta relação. Poucos estudos foram conduzidos no sentido de correlacionar a patologia com a diabetes tipo 1. Ainda assim, tanto num como no outro caso, é importante ficar atento aos sinais de alarme. E, sempre que possível, aborde com o seu médico assistente (ou endocrinologista) este problema.
International Diabetes Federation (IDF)
Vitalaire
American Diabetes Association (ADA)