A diabetes influencia o risco cardiovascular?
Acha que a diabetes influencia o risco cardiovascular? Descubra o que acham os portugueses e qual a resposta.
Frequentemente, a diabetes, ainda para mais quando os níveis de glicemia permanecem continuamente desajustados ao longo do tempo, está associada ao desenvolvimento de várias complicações que afetam órgãos importantes do organismo. Contudo, será que existe igualmente uma relação entre a diabetes e o risco cardiovascular? A resposta é, definitivamente, sim.
Mas, afinal, o que é o risco cardiovascular?
Em primeiro lugar, o risco cardiovascular é determinado por um cálculo que tenta prever qual a probabilidade de uma pessoa vir a ter complicações cardiovasculares [por outras palavras, falamos da probabilidade de vir a ter enfarte do miocárdio ou do acidente vascular cerebral (AVC), por exemplo] no futuro, tendo em conta a presença de determinados fatores de risco.
No entanto, hoje em dia, ao contrário do que acontecia anteriormente, existem já várias ferramentas validadas cientificamente para determinar o risco cardiovascular de uma população. Nomeadamente, dois dos algoritmos mais conhecidos são a calculadora de risco Framingham (Framingham Risk Score), utilizada sobretudo na população americana, e a calculadora de risco SCORE, utilizada maioritariamente na população europeia.
A título de curiosidade, a ferramenta europeia SCORE foi criada com base na informação de 12 estudos científicos e de 250 000 doentes envolvidos.
Assim, alguns fatores que influenciam o risco cardiovascular e que desde já deve conhecer são:
- Idade;
- Peso;
- Valores de colesterol total;
- Pressão arterial sistólica;
- Hábitos tabágicos;
- Estilo de vida;
- História familiar de doença cardiovascular;
- Diabetes.
Logo, ainda que uma pessoa não pareça ter manifestações de doença cardiovascular num dado momento, na diabetes, conhecer o seu risco cardiovascular é importante pois poderá ajudar os profissionais de saúde a recomendar, antecipadamente, estratégias e tratamentos que reduzam a probabilidade de tais problemas virem a ocorrer.
A relação entre a diabetes e o risco cardiovascular
Em primeiro lugar, esta relação começa desde logo pelo facto de a diabetes ser considerada um dos principais fatores de risco para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares.
De acordo com a American Heart Association (AHA) a correlação entre ambas é forte. Ou seja, estima-se que 68% das pessoas diabéticas acima dos 65 anos morram devido a doença cardiovascular. Além disso, os adultos que vivem com diabetes têm uma probabilidade 2 a 4 vezes maior de perecer devido a doença cardíaca, em comparação com adultos que não têm a doença.
Embora sejam vários os fatores de risco que contribuem para o risco cardiovascular, além da diabetes, contudo, os níveis de glicemia que permanecem descontrolados ao longo do tempo afetam os vasos sanguíneos e a circulação do sangue. Por este motivo, estão desde já a influenciar a saúde cardiovascular.
Diabetes e risco cardiovascular: fatores agravantes
Muitas vezes, em quem tem diabetes estão presentes, em simultâneo, outros fatores de risco cardiovascular. A obesidade é um fator de risco para o desenvolvimento de diabetes bem como para o desenvolvimento de doença cardiovascular.
O mesmo acontece no caso da hipertensão, que tanto está associada ao risco de problemas cardiovasculares, como parece ter influência no aumento da resistência do
organismo à insulina. E quando uma pessoa tem simultaneamente diabetes e hipertensão, o seu risco cardiovascular duplica.
Além disso, sabe-se que a diabetes interfere negativamente no processo de aterosclerose. Ou seja, quanto maiores os valores de lípidos sanguíneos como o colesterol ou os triglicéridos, pior será o impacto na progressão de aterosclerose.
E como a diabetes tipo 2 é uma doença associada ao estilo de vida, muitas vezes os hábitos que levaram ao aparecimento da doença são os mesmos que influenciam o aumento dos lípidos sanguíneos. Sabia que as mudanças alimentares e prática regular de exercício físico têm impacto tanto nos valores de glicemia como nos de colesterol?
A boa notícia é que existem formas de controlar a hiperglicemia e o risco cardiovascular em simultâneo. Desde os bons hábitos alimentares à prática de exercício físico, a manutenção de um peso saudável e o controlo de fatores de risco como a hipertensão e o colesterol elevado, há muito que pode fazer para evitar as complicações cardiovasculares da diabetes.
Diabetes UK
Organização Mundial de Saúde (OMS)
European Society of Cardiology (ESC)
American Heart Association (AHA)
Framingham Heart Study