A relação entre a diabetes e o enfarte
O risco de sofrer um enfarte é superior em doentes com diabetes, mas porquê? Qual a relação entre ambos e como identificar se acontecer?
A relação entre o enfarte do miocárdio e a diabetes é, muitas vezes, desconhecida do público em geral. Em muitos casos os próprios diabéticos não a conhecem. Sabe-se que o enfarte do miocárdio, mais conhecido como ataque cardíaco, pode ocorrer em qualquer idade, apesar de ser bastante mais frequente em idades superiores a 65 anos. A sua incidência é progressivamente mais elevada em pessoas com predisposição genética e um estilo de vida que proporcione um desenvolvimento da aterosclerose, sendo duas vezes superior em doentes com diabetes.
A relação entre a diabetes e o enfarte
Como é que a diabetes pode afetar o seu coração?
A diabetes resulta num descontrolo dos níveis elevados de açúcar sanguíneos (hiperglicemia) que podem provocar lesões nos vasos sanguíneos.
É, ainda frequente, encontrar casos na diabetes em que há também um aumento dos níveis de «mau colesterol», o colesterol-LDL. Estes, juntamente com a hiperglicemia, contribuem para que se crie um depósito de placas de gordura nas paredes das artérias (processo designado por aterosclerose). O que acontece? Há um estreitamento do vaso sanguíneo no qual as placas se depositam, o que leva a um comprometimento do fluxo de sangue.
No coração, a diminuição do fluxo de sangue nas artérias coronárias devido a aterosclerose pode originar um enfarte do miocárdio.
O que significa ter um ataque cardíaco?
O enfarte do miocárdio, ou ataque cardíaco, ocorre quando o aporte de oxigénio e nutrientes que chega através do sangue às células do músculo cardíaco (células chamadas de miócitos) é demasiado baixo ou inexistente. E, sem oxigénio e nutrientes suficientes, as células do músculo cardíaco deixam de ser capazes de exercer a sua função e assim acabam por morrer.
O músculo cardíaco está tão dependente de oxigénio e nutrientes para o seu normal funcionamento, que na sua ausência, a contração do músculo fica comprometida. Este deixa de ser funcional, provocando falência cardíaca mesmo antes de ocorrer a morte das suas células.
No entanto, as lesões por falta de oxigénio nas células do músculo cardíaco são potencialmente reversíveis, se detetadas atempadamente.
Como reconhecer um ataque cardíaco?
O enfarte do miocárdio é uma emergência médica que requer intervenção imediata e, assim, é importante que se reconheçam os seus sintomas. Estes podem apresentar-se de formas diferentes, nesse sentido, nem sempre fácil identificá-los.
Segundo a Sociedade Portuguesa de Cardiologia (SPC) e o NHS (Serviço Nacional de Saúde do Reino Unido) alguns dos sintomas de enfarte do miocárdio são:
- Dor no peito prolongada (comumente descrita como uma sensação de aperto, peso ou pressão que pode irradiar para os braços, esquerdo ou direito, mandíbula, pescoço, costas e abdómen);
- Sudação, náuseas ou vómitos;
- Falta de ar;
- Sensação de ansiedade.
Geralmente, a sensação de dor no peito é proeminente, mas há casos em que pode ser experienciada uma dor mais ligeira ou uma sensação mais semelhante a uma indigestão.
A neuropatia diabética (degeneração que os nervos podem sofrer devido à doença) contribui para que os sintomas do enfarte do miocárdio em alguns doentes com diabetes sejam difíceis de detetar.
Este enfarte «silencioso» tem consequências não só na dificuldade em diagnosticar (que pode ocorrer demasiado tarde), como no seu tratamento.
Este tipo pode, contudo, ser diagnosticado por intermédio de análises ao sangue e por eletrocardiograma entre outros exames complementares.
Especialmente mulheres, pessoas de idade mais avançada e doentes com diabetes devem estar atentos a sintomas mais ligeiros, para que caso aconteça um episódio de enfarte, este seja detetado a tempo e seja realizada intervenção médica imediata.
Aster, K. A. 9th Edition. Robbins and Cotran Pathologic Basis of Disease. Canada: Elsevier.
Sociedade Portuguesa de Cardiologia (SPC)
National Health System UK (NHS)
Direção-Geral de Saúde (DGS)