Como se faz o diagnóstico de retinopatia diabética?
A retinopatia diabética é uma das possíveis complicações da diabetes. Muitas vezes assintomática, como podemos diagnosticar? Hoje vamos falar sobre o diagnóstico e relembrar o que precisa de saber sobre esta condição.
A diabetes descontrolada, isto é, quando os valores de glicose no sangue estão continuamente altos (hiperglicemia), pode trazer problemas para o organismo. Os olhos são fazem parte dos órgãos mais afetados pela diabetes, doença que se chama de retinopatia diabética.
Retinopatia diabética: vamos relembrar o que é?
A retinopatia diabética ocorre quando a diabetes afeta os olhos, devido ao excesso de açúcar em circulação no sangue. O açúcar, ou glicose, acumula-se no sangue e desencadeia inflamação e lesão nos pequenos vasos sanguíneos que fornecem nutrientes e oxigénio aos olhos. Por se tratarem de pequenos vasos, a retinopatia diabética considera-se uma complicação microvascular da diabetes.
Fatores de risco
Nem todas as pessoas com diabetes vão desenvolver retinopatia diabética. Os fatores de risco mais importantes incluem, sobretudo:
- diabetes de longa duração (isto é, que está instalada ou diagnosticada há muito tempo);
- estados crónicos de hiperglicemia (vulgarmente chamado de «diabetes mal controlada»);
- nefropatia, nome científico para designar a doença dos rins provocada pela diabetes. Significa que, quando temos já doença renal instalada, existe uma alta probabilidade de virmos a desenvolver complicações nos olhos (a retinopatia diabética);
- hipertensão arterial;
- colesterol alto.
Para evitarmos o aparecimento de retinopatia diabética – bem com o de outras complicações da diabetes, devemos controlar a doença, adotando medidas como, por exemplo:
- fazer uma dieta saudável, rica em legumes e fibras e pobre em hidratos de carbono e gorduras;
- manter exercício físico regular (no mínimo 30 minutos por dia!);
- não fumar;
- evitar bebidas alcoólicas em excesso;
- reduzir o uso de sal;
- cumprir a medicação prescrita pelo médico, tanto para a diabetes como para outros problemas de saúde, como a hipertensão arterial ou o colesterol aumentado.
Sinais e sintomas de retinopatia diabética
A retinopatia diabética, mesmo nos casos mais graves, pode ser assintomática. No entanto, quando provoca sintomas, estes normalmente incluem:
- visão turva;
- diminuição do campo de visão;
- vislumbramento de pequenos pontos pretos no campo de visão;
- dor ou pressão ocular;
- dificuldade na visão noturna.
Para não atrasar o diagnóstico, a Direção-Geral da Saúde (DGS) tem preconizado o rastreio organizado da retinopatia diabética, em articulação com os centros de saúde. O rastreio incluí todas as pessoas diagnosticadas com diabetes tipo 1 e tipo 2. No caso da diabetes tipo 1, o rastreio deve iniciar-se 5 anos após o diagnóstico. Na diabetes tipo 2 não existe esse período de espera, sendo logo elegível para rastreio. A única excepção são as pessoas com diabetes que estejam grávidas ou desejem engravidar, que devem ser encaminhadas diretamente para consulta de oftalmologia.
Diagnóstico de retinopatia diabética
O rastreio da retinopatia diabética permite que exista uma deteção atempada da doença, que é muitas vezes assintomática. Desta forma, ao realizarmos um diagnóstico precoce, podemos iniciar cedo o tratamento e prevenir complicações, como a cegueira.
A avaliação efetua-se com recurso à retinografia, um exame no qual é possível avaliar o fundo do olho. Para a sua realização, é necessário um aparelho especial e específico. Na retinografia, são captadas imagens do fundo do olho, englobando a retina, o nervo óptico e os vasos sanguíneos.
A retina é a zona do olho responsável pela formação das imagens. A parte mais interna da retina está dividida em 2 zonas: a papila e a mácula. A papila é a zona na qual convergem as fibras que irão formar o nervo óptico. No rastreio da retinopatia diabética, realizam-se 2 retinografias por olho, uma dirigida à papila e outra à mácula.
E depois do rastreio?
Os resultados das retinografias são integrados numa plataforma nacional e comunicadas a cada centro de saúde, para que os médicos de família e utentes possam estar a par do resultado. Automaticamente, quem tem exame normal será convocado 1 ano depois e, quem não tem, será encaminhado para um especialista em oftalmologia, nomeadamente para o Centros de Diagnóstico e Tratamento Integrado de referência. Nestes centros, a avaliação mais especializada permite o encaminhamento e tratamento adequados.
Nunca me chamaram para o rastreio, o que devo fazer?
Neste caso, deve falar com o seu médico de família e com o seu centro de saúde. Poderá ser necessário atualizar algum dado no seu processo.
Em suma, o diagnóstico precoce da retinopatia diabética permite a prevenção de problemas consequentes, como a cegueira. O rastreio organizado da retinopatia diabética é uma iniciativa crucial para o diagnóstico. Além disso, para evitar o aparecimento desta complicação (e de outras!), é fundamental que mantenha um bom controlo glicémico, com um estilo de vida saudável e mantendo a medicação prescrita pelo seu médico.
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