Compreender a neuropatia periférica
A neuropatia é uma das complicações da diabetes. E, entre os diferentes tipos, a neuropatia periférica é especialmente preocupantes nos doentes diabéticos. Neste artigo vamos explicar os porquês.

Se a neuropatia diabética é a complicação mais comum da diabetes, a neuropatia periférica é particularmente complicada. Isto porque pode causar complicações associadas a problemas já difíceis de controlar na dibetes como, por exemplo, o pé diabético. É, também, o tipo mais comum na diabetes. Nesse sentido, perceber o seu funcionamento (e o porquê de se chamar periférica) é um passo importante para a poder controlar e, claro, evitar as suas mais graves complicações.
Mas antes de mais, o que é o sistema nervoso periférico?
Existe no nosso corpo uma rede de células chamadas neurónios, a que convencionalmente chamamos nervos. Estes nervos, ligados uns aos outros e aos vários órgãos do nosso organismo, permitem transmitir um conjunto de sinais. E para que servem esses sinais? Para que esses mesmos órgãos possam funcionar, ou seja, regulam a sua atividade.
Estes nervos têm diferentes designações de acordo com a sua função:
- Sensoriais – transmitem sensações, como a dor ou o toque;
- Motores – controlam os músculos;
- Autónomos – controlam as funções autónomas do corpo, ou seja, aquelas que o corpo realiza sem termos consciência delas, por assim dizer. Ex.: a pressão arterial ou a função da bexiga.
Este sistema nervoso periférico difere do sistema nervoso central, composto pelo cérebro e pela medula espinal.
Quando entra em jogo a neuropatia diabética
Esta rede complexa pode surgir afetada na diabetes por vários motivos. A consequência é a perda progressiva destas células, com os problemas associados dependendo das zonas afetadas. A neuropatia é a complicação mais comum da diabetes, tanto do tipo 1 como do tipo 2. No entanto, neste segundo caso tende a ser uma complicação tardia, em que cerca de 50 % dos doentes com diabetes tipo 2 podem ter uma neuropatia significativa com consequências graves como a ulceração do pé. Lembre-se: a neuropatia é capaz de prejudicar todo o corpo e de ser causa de uma significativa diminuição da qualidade de vida e até mortalidade.
Neuropatia periférica: um dos tipos de neuropatia diabética
Há 4 tipos principais de neuropatia diabética. Isto porque dizem respeito aos danos provocados em diferentes nervos. Assim sendo, as consequências são diferentes também. Um desses tipos é a neuropatia periférica. Seria de esperar que isso se devesse ao facto de ela afetar o sistema nervoso periférico. Mas, não apenas. Neste caso, a neuropatia periférica ganhou essa designação porque se desenvolve nas extremidades do corpo, como as mãos, os pés e os braços, lesando nervos que se encontram nessas regiões. É um tipo de neuropatia muito comum nos doentes diabéticos, sendo que 1/3 dos doentes pode ser afetado.
Diferentes tipos de neuropatia periférica
A neuropatia periférica difere na medida em que pode afetar:
- Apenas 1 nervo (mononeuropatia);
- Vários nervos (mononeuropatia múltipla);
- Todos os nervos do corpo (polineuropatia).
A polineuropatia é a mais comum e manifesta-se primeiro nos nervos mais compridos, sendo que se espalha depois para os outros. Por isso, a maior parte das vezes começa nos pés, dando depois uma sensação de que se está a espalhar para cima, afetando as mãos.
Os sintomas
Os principias sintomas de neuropatia periférica podem ser constantes ou irem desaparecendo e voltarem com o tempo. Incluem:
- Dormência e formigueiro nos pés e nas mãos;
- Dor que se sente como ardor, picada ou uma sensação aguda nas áreas afetadas;
- Perda de equilíbrio ou coordenação;
- Fraqueza muscular, especialmente nos pés.

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