A diabetes e os distúrbios da alimentação
Sabia que existe uma relação entre a diabetes e os distúrbios alimentares, sobretudo no sexo feminino? Descubra os diferentes tipos de transtornos e a realidade da comunidade diabética.

Os distúrbios alimentares são mais comuns no sexo feminino em geral. No entanto, sabia que são ainda mais comuns nas mulheres diabéticas em comparação com as mulheres não têm a doença? E que além disso, as que têm diabetes tipo 1 tem o dobro da probabilidade de vir a ter um transtorno alimentar. Portanto, a relação entre a diabetes e os distúrbios da alimentação é clara.
Distúrbios alimentares: o que são?
Os distúrbios ou transtornos alimentares são doenças mentais complexas definidas por comportamentos na alimentação fora do normal, perda de peso pouco saudável e igualmente uma preocupação excessiva com o peso corporal e a forma física. Existem 3 tipos principais de transtornos alimentares:
- Anorexia (ou anorexia nervosa) — transtorno centrado no medo obsessivo de ganhar peso, envolvendo fome autoimposta e perda excessiva de peso. Apesar de a anorexia ser uma perturbação psicológica, as consequências físicas são graves e, em alguns casos, mesmo fatais.
- Bulimia (ou bulimia nervosa) — caracterizada por momentos de ingestão controlada e recorrente de grandes quantidades de comida, que se segue por períodos de purga, em que o doente provoca o vómito, usa laxantes ou diuréticos, deixa de usar ou reduz a dose de tratamento com insulina, faz jejum e/ou dietas restritivas, ou pratica exercício físico vigoroso.
- Transtorno de compulsão alimentar — é principalmente caracterizado por períodos de ingestão descontrolada, impulsiva ou contínua de alimentos, que ultrapassam o ponto de conforto. Apesar de não existirem comportamentos de purga, o doente poderá fazer jejuns esporádicos ou dietas repetitivas, e sente frequentemente vergonha e falta de autoestima.
- Transtornos alimentares não especificados — conjunto de distúrbios que não se inserem nos padrões alimentares descritos anteriormente.
A diabetes e os distúrbios da alimentação
As pessoas com diabetes têm uma maior suscetibilidade de desenvolver um transtorno alimentar, por terem de estar constantemente atentas à sua dieta, ao consumo de hidratos de carbono e à possibilidade de ganharem peso com o uso de insulina, com a falta de autossatisfação associada a este ganho de peso.
Esteja alerta! Entre os fatores que contribuem para aumentar a probabilidade de alguém com diabetes ter distúrbios alimentares estão por exemplo:
- O doente ter feito no passado uma dieta ou de ter alguma restrição alimentar;
- Ter um índice de massa corporal (IMC) alto;
- Ter falta de satisfação com o próprio corpo;
- Ser do sexo feminino.

O caso particular da diabulimia
As pessoas com diabetes tipo 1 têm a possibilidade de manipular as suas doses de insulina e, em alguns casos, recorrem à limitação do seu uso com o objetivo de perder peso rapidamente. Estima-se que 1/3 das mulheres com idades entre os 15 e os 30 anos e com diabetes tipo 1 tenham este tipo de distúrbio alimentar, a que se chama diabulimia.
Como resultado da diabulimia, os níveis de glicemia aumentam consideravelmente, o que poderá ter repercussões graves a curto prazo, que incluem desidratação, perda de tecido magro e, em casos extremos, cetoacidose diabética. Esta última condição é caracterizada por níveis elevados de cetonas que resultam de o organismo começar a consumir gorduras e a transformá-las em cetonas, devido às células não receberem glucose suficiente.
A longo prazo, as complicações características da diabetes, como retinopatia, nefropatia ou neuropatia, podem surgir mais cedo do que seria expectável.
Sinais e sintomas de alerta para a diabulimia
- Aumento inexplicável dos níveis de glicemia;
- Episódios recorrentes de cetoacidose diabética;
- Preocupação extrema com a imagem corporal;
- Prática excessiva de exercício físico e hipoglicemia associada;
- Refeições muito pouco calóricas;
- Ausência de menstruação.
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American Diabetes Association (ADA)
National Eating Disorders Association (NEDA)
Yiung V, et al., 2013.