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Diabetes, doença cardiovascular e triglicéridos

Na diabetes são muitas as frentes de combate. Sabia que controlar os valores de triglicéridos não só é importante para manter a saúde na diabetes, como para prevenir os problemas cardiovasculares?

Tanto a diabetes tipo 1 como a diabetes tipo 2 estão relacionadas com um aumento do risco de doença cardiovascular. Mas afinal qual a relação entre diabetes, doença cardiovascular e triglicéridos? Ou seja, de que forma os triglicéridos podem estar relacionados com o aumento do risco cardiovascular?

 

Para responder é preciso, em primeiro lugar, falar sobre os valores de colesterol. Isto, porque a relação entre o colesterol e o aumento do risco de doença cardiovascular é bem conhecida. Mas apesar do sucesso do tratamento para reduzir os níveis de colesterol, a comunidade médica tem percebido que esta abordagem continua a não ser suficiente para diminuir o risco de doença cardiovascular em doentes com diabetes. Ou seja, mesmo quando as pessoas que vivem com diabetes conseguem controlar os valores de colesterol, continuam a ter um risco maior de doença cardiovascular do que quem não tem a doença.

 

Alguns estudos apontam para que este risco de doença cardiovascular chamado «residual» esteja em parte relacionado com níveis de triglicéridos elevados. Além disso, parece haver um metabolismo anormal das lipoproteínas ricas em triglicéridos. O que são estas tais lipoproproteínas? Explicamos já de seguida!

O que são os quilomícrons, VLDL e lipoproteínas remanescentes de quilomícrons e de VLDL?

Para compreender como os triglicéridos são um fator de risco para doença cardiovascular em doentes com diabetes é necessário ter presente o que são as lipoproteínas. Estas são responsáveis pelo transporte e metabolismo quer do colesterol, quer dos triglicéridos. Porque o colesterol e os triglicéridos não podem entrar na corrente sanguínea sem um «transporte», o organismo cria estas partículas ricas em lípidos que circulam pela corrente sanguínea.

 

Ou seja, as lipoproteínas ricas em triglicéridos são partículas esféricas cujo interior contém lípidos (triglicéridos e colesterol). Os triglicéridos provenientes da dieta são transportados em partículas chamdas quilomícrons, enquanto os triglicéridos produzidos pelo organismo circulam através de partículas chamadas VLDL (very-low density lipoproteins).

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Triglicéridos: o que precisa de saber

Os quilomícrons são partículas ricas em triglicéridos produzidas no intestino após a ingestão de alimentos ricos em lípidos. E estão envolvidas, por exemplo, no transporte de triglicéridos para para o seu armazenamento e utilização posterior. Por outro lado, as partículas de VLDL são sintetizadas no fígado e transportam os triglicéridos «retirados» dos locais onde é armazenado (o tecido adiposo) e os triglicéridos que são produzidos a partir da da glicose para armazenamento. A degradação dos triglicéridos que fazem parte dos quilomícrons e VLDL leva à formação de partículas chamadas de lipoproteínas remanescentes.

 

Todas estas informações podem parecer confusas, mas são importantes para explicar porque há uma relação entre doença cardiovascular e triglicéridos. Para já e, para perceber melhor, retenha apenas que há partículas remanescentes ricas em triglicéridos e colesterol que circulam pelo organismo.

A associação entre as lipoproteínas remanescentes e o risco residual de doença cardiovascular em pessoas com diabetes tipo 2?

Tendencialmente, as pessoas com diabetes que têm problemas com os lípidos do organismo têm elevados valores de triglicéridos e baixos valores do colesterol «bom», ou colesterol HDL. No entanto, o metabolismo das lipoproteínas que circulam no seu organismo é diferente em comparação com as das pessoas que não têm diabetes. Ou seja, na diabetes tipo 2 há um aumento na concentração das tais VLDL e uma menor depuração de lipoproteínas ricas em triglicéridos e das lipoproteínas remanescentes.

 

E é aqui que está uma possível explicação para a relação entre diabetes, doença cardiovascular e triglicéridos: estudos sugerem que o aumento de lipoproteínas remanescentes está associado a um maior risco de doença cardiovascular. Devido à sua dimensão, estas partículas infiltram-se nas paredes dos vasos sanguíneos, promovendo o processo de aterosclerose.

E como estão os triglicéridos envolvidos na progressão da diabetes?

A hipertrigliceridemia (ou seja, os valores elevados de triglicéridos) contribui para a progressão da aterosclerose. Isto porque estimula fatores relacionados diretamente com a diabetes, mas está também associada, por exemplo, ao metabolismo anormal de lípidos.

 

A hipertrigliceridemia interfere no metabolismo da glicose e compromete o funcionamento das células produtoras de insulina no pâncreas. Assim, pode levar ao aumento dos níveis de glicemia e, consequentemente, também ao aumento do risco cardiovascular. Por outro lado, os metabolitos dos triglicéridos suprimem a ação dos recetores de insulina, o que leva à insulinorresistência em tecidos periféricos. Consecutivamente, há um aumento da inflamação, alterações na coagulação e progressão da aterosclerose.

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Referências
  • Diabetes UK

  • Chait A, et al., 2020.

  • Ye X, et al., 2019.

  • Laufs U, et al., 2020.

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