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Diabetes secundária: quando a culpa é de outra doença

A diabetes secundária, como o nome indica, é secundária a uma doença prévia que esteja a mexer com o metabolismo da glicose. Hoje vamos descobrir quais as doenças que podem causar diabetes!

A diabetes, como sabemos, é caracterizada por hiperglicemia (excesso de açúcar no sangue), consequente de alterações na produção ou ação da insulina. Os tipos mais comuns são a diabetes:

 

  • tipo 1: resulta de processos autoimunes com destruição das células do pâncreas que produzem insulina, com consequente diminuição da produção da hormona;

 

 

  • gestacional: ocorre durante a gravidez.

 

Estes são conhecidos como os tipos «primários» da diabetes, mas existem também os secundários. A diabetes secundária é a diabetes que ocorre derivado de uma doença ou condição médica.

Causas de diabetes secundária

A diabetes secundária é uma designação que engloba toda e qualquer diabetes cuja causa seja uma doença ou condição prévias. Normalmente, são doenças que afetam o pâncreas ou do foro endócrino-metabólico. Para ser mais fácil, iremos dividi-las conforme a sua origem.

 

Causas pancreáticas

 

Doenças que impliquem destruição das células do pâncreas que produzem insulina vão originar uma diminuição da hormona em circulação. Assim sendo, desencadeiam uma diabetes secundária. As mais importantes são:

 

  • Fibrose quística

A fibrose quística é uma doença genética que afeta as glândulas exócrinas do organismo, incluindo o pâncreas. Na verdade, a diabetes secundária é uma das complicações mais frequentes da fibrose quística.

 

  • Pancreatite crónica

É caracterizada por uma inflamação crónica (isto é, prolongada no tempo) do pâncreas. Com o avançar da doença, as células do pâncreas vão sofrendo alterações irreversíveis e a diabetes secundária pode ser uma das complicações.

 

  • Hemocromatose hereditária

É também uma doença genética e hereditária, que consiste em depósitos de ferro nos tecidos. Para além da diabetes secundária, surgem outras complicações, como doenças de fígado, doenças cardíacas ou vasculares.

 

  • Cancro do pâncreas

Cerca de 50% dos indivíduos com cancro do pâncreas desenvolvem diabetes secundária. Vários estudos sugerem que, além do mecanismo de intolerância à glicose, estão envolvidos mecanismos de insulinorresistência.

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Cancro do pâncreas e diabetes: qual a associação?

  • Cirurgia

Se for necessário realizar pancreatectomia total ou parcial (isto é, retirar o pâncreas na totalidade ou apenas uma parte, por exemplo, por pancreatite crónica). Nestes casos, a diabetes secundária será uma complicação expectável, pela diminuição de células produtoras de insulina.

 

Causas endócrinas

 

Existem certas hormonas que provocam uma ação contrária à da insulina. Um aumento da sua produção, característico de certas doenças, pode ter como consequência o desenvolvimento de diabetes secundária. Normalmente, é agravado quando já existe uma predisposição a defeitos na secreção de insulina. Entre as doenças implicadas e respetivas hormonas, destacamos:

 

  • Glucagonoma

Um tumor produtor de glucagon, a hormona antagónica da insulina. O seu excesso pode potenciar acumulação de açúcar no sangue (hiperglicemia) e, consequentemente, provocar diabetes secundária.

 

  • Feocromocitoma

Um tumor da suprarrenal, um órgão situado acima dos rins que produz catecolaminas (hormonas do stresse). No feocromocitoma a produção destas hormonas está aumentada. Como as catecolaminas têm um efeito inibitório na ação da insulina, o desenvolvimento de diabetes secundária pode ser uma das complicações.

 

  • Síndrome de Cushing

A síndrome de Cushing é caracterizada pelo excesso de cortisol, produzido também pela suprarrenal. O excesso de cortisol induz a produção de glicose no fígado, através da estimulação de um processo chamado gliconeogénese. Por outro lado, também causa inibição da sensibilidade à insulina ou, por outras palavras, promove insulinorresistência. Finalmente, também ocorre ganho de peso por deposição de tecido adiposo. Tudo isto contribuí para o desenvolvimento de diabetes secundária.

 

  • Acromegalia/Gigantismo

Estas 2 doenças resultam do excesso de hormona de crescimento, naturalmente produzida pela hipófise. Como a hormona do crescimento tem um efeito antagónico da insulina, o seu excesso leva a um aumento da glicose do sangue, podendo levar a diabetes secundária.

 

Causas farmacológicas

 

Certos medicamentos podem ter como efeito adverso o desenvolvimento de diabetes secundária. Entre eles, destacamos os corticoides. O tratamento prolongado com corticoides predispõe ao aumento de peso, à hiperglicemia e insulinorresistência. Nos indivíduos que necessitam destes tratamentos, a vigilância da glicemia é muito importante.

 

Além disso, outros fármacos que podem causar diabetes secundária incluem alguns antipsicóticos (tratamento de certas doenças psiquiátricas) e terapêutica usada no HIV.

 

Virus da Imunodeficiência Humana (VIH)

 

Para além de ser um possível efeito secundário do tratamento do VIH, a história natural da doença também levar ao desenvolvimento de diabetes secundária.

Como tratar a diabetes secundária

O tratamento passa não só pelo controlo glicémico (sempre com estilo de vida saudável e o tratamento necessário), como pelo controlo da doença de base. De entre as várias doenças que falámos, os tratamentos são muito variados, podendo ser médicos ou cirúrgicos. A avaliação pelo médico é fundamental para que seja indicado o tratamento mais adequado.

 

Mas como distinguir entre diabetes primária e secundária?

 

Com uma história clínica detalhada (incluindo doenças prévias, medicação habitual, sinais de sintomas) e um exame físico dirigido, é possível fazer a distinção. Na maior parte dos casos referidos, o diagnóstico deste tipo de diabetes é feito após ser descoberta a doença que a está a provocar. No entanto, em casos nos quais a diabetes é a primeira manifestação da doença, esta pode ser erradamente diagnosticada como primária (a maior parte das vezes, do tipo 2). No entanto, com a história natural da doença de base, esta acabará por ser diagnosticada e deverá ser tratada de acordo.

 

Por fim, junte-se à comunidade Diabetes 365º!

Referências
  • Thomas CC & Philipson LH (2015)

  • Dynamed

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