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Associação entre infeções por vírus herpes e diabetes?

A família de vírus do herpes é grande e pode provocar várias doenças. Descubra quais e qual a relação que poderá ter com a diabetes.

Antes de discutirmos a possível relação entre infeções por vírus da família herpes e diabetes, importa começar pelo início. Afinal, o que é exatamente esta família de vírus? E a que tipo de infeções está associada? Talvez conheça muitas dessas doenças, sem saber que estão associadas a vírus do tipo herpes.

 

Conhecem-se mais de 100 tipos diferentes de herpes-vírus, dos quais 8 podem infetar o ser humano. Estes vírus podem manter-se num estado latente, em algumas células específicas. Isto é, significa que podem ser reativados em qualquer momento, causando uma nova infeção.

A família de herpes-vírus

Os vírus da família herpes-vírus podem ser divididos em 3 grandes grupos:

 

Herpes-vírus Alfa

 

  • Herpes-vírus Simples tipo 1 e tipo 2, responsáveis sobretudo pelas conhecidas infeções nas mucosas orais e genitais, respetivamente.

 

  • Vírus da Varicela-Zóster (VVZ), também chamado de Herpes-vírus tipo 3, que causa varicela ou herpes zóster (também conhecido por «zona»).

 

Herpes-vírus Beta

 

  • Citomegalovírus ou herpes-vírus tipo 5.

 

  • Herpes-vírus tipo 6 (variantes A e B) e tipo 7.

 

Herpes-vírus Gama

 

  • Vírus Epstein-Barr, que está na origem de mononucleose ou «Doença do Beijinho».

 

  • Herpes-vírus tipo 8, associado ao sarcoma de Kaposi, um tipo raro de cancro que surge em doentes com VIH-SIDA, assim como em doentes com tumores intra-abdominais sólidos.

 

Herpes e diabetes: qual a relação?

A diabetes como um fator de risco para herpes zóster

 

Dados provenientes de vários estudos sugerem que a diabetes representa um fator de risco independente e relevante para a reativação de uma infeção prévia pelo vírus da varicela. Estima-se que 13% dos casos de herpes zóster ocorram em pessoas com diabetes tipo 2. Alguns dados, embora pouco robustos, apontam para que a diabetes tipo 1 seja também um fator de risco para vírus da varicela-zóster.

 

Em determinado momento, um indivíduo pode sofrer uma infeção por vírus da varicela-zóster, a que se chama de exposição primária. Depois de a infeção ser aparentemente resolvida, o vírus fica «adormecido» nos nervos sensitivos durante anos até ser reativado e começar a replicar-se. Posteriormente, «viaja» pelos nervos até à pele induz um conjunto de manifestações cutâneas características: vesículas com líquido localizadas no torso, pescoço ou face, acompanhadas de dor. Este processo de reativação parece estar associado a fatores como a idade (herpes zóster é mais comum em pessoas idosas) e um sistema imunitário comprometido. Além disso, a gravidade da infeção em pessoas com diabetes tipo 2 parece ser também geralmente superior.

 

Consequência do vírus varicela-zóster: nevralgia pós-herpética e diabetes

 

As pessoas com diabetes tipo 2 têm um risco 18% superior de sofrer de nevralgia pós-herpética persistente. Isto é,  uma condição em que o indivíduo sofre de dor crónica em áreas que foram afetadas pela infeção por vírus da varicela-zóster. A intensidade da dor sentida é considerável e condiciona de forma grave a qualidade de vida, ao nível tanto físico, como psicológico. Em pessoas com diabetes tipo 2, o nível de dor e as consequências na qualidade de vida são superiores, em comparação com pessoas sem a doença, assim como a recuperação é mais lenta.

 

Além disso, a relação entre nevralgia pós-herpética e diabetes parece ser bidirecional. Ou seja, a diabetes parece poder agravar os episódios de herpes zóster. Por outro lado, a infeção por vírus da varicela-zóster pode contribuir para o descontrolo dos níveis de glicemia e agravamento da qualidade de vida da pessoa com diabetes.

 

Herpes-vírus simples 1 como fator de risco para Diabetes Tipo 2

 

Um estudo que englobou mais de 1500 indivíduos, dos quais cerca de 13 % tinham diabetes tipo2, registou uma associação significativa entre infeção por herpes-vírus simples tipo 1 e diabetes tipo 2. Os autores sugerem que um processo de inflamação crónica esteja envolvido no desenvolvimento de diabetes tipo 2. Além disso, a presença de uma infeção viral no pâncreas poderá acionar mecanismos que levam à morte de células β do pâncreas, que são responsáveis pela produção de insulina. Desta forma, há uma redução dos níveis de insulina e o indivíduo pode manifestar sintomas de diabetes. Estudos conduzidos em animais propõem que o herpes-vírus simples tipo 1 permanece latente no pâncreas, desencadeando a resposta inflamatória anteriormente referida, que se associa a uma desregulação do metabolismo de ácidos gordos dentro das células e resistência à insulina. Ainda assim, esta possível relação tem ainda de ser melhor esclarecida.

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Referências
  • Whitley RJ (1996)

  • Papagianni M, et al., 2018.

  • Saadatian-Elahi M., 2020.

  • Sun Y, et al., 2005.

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