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Há uma relação entre diabetes e doenças do fígado?

Quando pensa em doenças do fígado, é provável que lhe venha à cabeça o consumo excessivo de álcool. Mas e se lhe dissermos que a diabetes é uma das mais frequentes causas dessas doenças (e vice-versa)?

Sim, existe uma relação entre diabetes e doenças do fígado. Na verdade, uma relação de dois sentidos entre ambas! Senão veja:

 

  • A doença de fígado pode causar diabetes.
  • A diabetes pode-se complicar com uma doença de fígado.

Vamos por partes!

 

1. Diabetes que leva a doenças do fígado

 

A diabetes tipo 2 constitui um fator de risco no desenvolvimento e progressão de doença hepática. Isto quer dizer que é mais provável que se desenvolva.

 

O que acontece no organismo do doente diabético é que a resistência à insulina característica da doença (o corpo produz insulina, mas não a consegue usar) leva à libertação de ácidos gordos (gordura) pelas células do corpo. Estas vão acumular-se no fígado.

 

Desta forma, a diabetes está associada a uma maior probabilidade de fígado gordo não alcoólico, que inicialmente se apresenta como uma acumulação de gordura no fígado (chamada de esteatose hepática não alcoólica). Na maioria dos casos não existem sintomas, sendo detetado de forma acidental em análises de rotina (por alterações das enzimas hepáticas) ou exames de imagem, como a ecografia ou a TAC.

 

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2. Um risco mais elevado

 

O risco de isto acontecer é maior se a diabetes estiver associada a obesidade, tensão arterial alta e triglicéridos altos. Assim, esta doença surge em pessoas sem consumo ou com consumo reduzido de álcool e está geralmente associada a outros fatores de risco.

 

O fígado gordo não alcoólico não deve ser desvalorizado, sendo considerado a doença hepática crónica mais frequente no mundo ocidental. E estando a tornar-se na principal causa de doença hepática crónica terminal, transplante hepático e aumento do risco de hepatocarcinoma (cancro de fígado).

 

Dessa forma, pode progredir para esteato-hepatite não alcoólica (estadio em que o fígado já tem inflamação). Ambas as situações são reversíveis e podem regredir para um fígado normal com mudanças de estilo de vida.

 

No entanto, caso isso não aconteça, esta inflamação, existindo de forma crónica, pode progredir para hepatocarcinoma, fibrose e cirrose hepática (uma situação irreversível, com gravidade, onde as células do fígado são substituídas por cicatriz, fazendo com que não funcionem bem). Nestas já é mais comum existirem sintomas, como por exemplo: perda de peso, náuseas, icterícia (pele amarelada) e sensação de fraqueza.

 

Portanto, esta associação não é rara. Estima-se que a incidência de fígado gordo não alcoólico e hepatocarcinoma nos doentes diabéticos é o dobro comparativamente com não diabéticos.

 

3. Doenças do fígado que levam a diabetes

 

O fígado tem um papel importante na regulação da glicose no sangue. Quando há doença hepática, essa regulação fica alterada, podendo no decorrer da doença, vir a causar diabetes.

 

O fígado gordo não alcoólico, a hemocromatose (doença genética caracterizada por acumulação de ferro no  fígado e outros tecidos), a hepatite C e a hepatite alcoólica são os tipos de doença do fígado que mais frequentemente causam diabetes.

 

A título de exemplo, o risco de diabetes poderá ser até 3 vezes superior em doentes com mais de 40 anos infetados cronicamente pelo vírus da hepatite C, comparativamente com aqueles sem hepatite. Para além disso, é de ressalvar que quem consome álcool de forma excessiva pode vir a desenvolver diabetes, seja pela grande quantidade de calorias presente no álcool como pelo facto de este causar lesão no fígado e no pancreas (o órgão doente na diabetes).

As doenças do fígado são piores para os diabéticos? 

O adicionar da diabetes a um doente hepático não deve ser levado de ânimo leve. A diabetes associa-se a mais complicações no fígado e maior resistência aos tratamentos; e quando associada a cirrose hepática alcoólica e infeção por vírus da hepatite B e C aumentam até 10 vezes o risco de hepatocarcinoma. Assim, a diabetes tem um impacto significativo na progressão da doença hepatica crónica e está associada a maior morbilidade e mortalidade nestes doentes.

 

Em suma, a diabetes e as doenças do fígado têm um relação bidirecional, devendo motivar atenção por parte do médico e do doente.  

 

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Referências
  • Giestas, S et al. (2015).

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