Hipertensão: o que precisa de saber?
Sabia que metade das pessoas com diabetes tem hipertensão? Além da glicemia, lembre-se de que é também fundamental manter sob controlo os seus valores de pressão arterial.
Em Portugal existem cerca de 2 milhões de pessoas com hipertensão. Contudo, apenas metade destas pessoas sabe que sofre desta patologia, um quarto está em tratamento para o problema e apenas 11% têm a pressão arterial efetivamente controlada.
O que é a hipertensão arterial?
A pressão ou tensão arterial é a força que a circulação do sangue exerce nas paredes das nossas artérias (os nossos vasos sanguíneos de grande calibre). O termo hipertensão arterial é sinónimo de pressão arterial elevada e ocorre quando a pressão com que o sangue corre nas artérias está aumentada de forma crónica.
É importante salientar que a pressão arterial pode aumentar durante breves momentos. Por exemplo, devido ao esforço físico ou emocional e ao stresse, sem que isso signifique que a pessoa seja diagnosticada com hipertensão.
Uma pessoa é diagnosticada como hipertensa se apresenta valores de pressão arterial sistólica e/ou diastólica (ou seja, máxima e/ou mínima) iguais ou superiores a 140/90mmHg, em pelo menos duas ocasiões diferentes.
E o que são os valores de pressão arterial «máxima» e «mínima»?
Quando medimos a pressão arterial são apresentados 2 valores. O primeiro número (pressão arterial sistólica) também conhecido como «tensão máxima», representa a pressão nos vasos sanguíneos quando o coração se contrai ou «bate». O segundo número (pressão arterial diastólica), também conhecido como «tensão mínima», representa a pressão nos vasos quando o coração descansa entre esses batimentos.
Os valores de pressão arterial normais encontram-se abaixo de 130/85mmHg. Se os valores se encontram entre 130-139 mmHg de pressão arterial máxima (ou sistólica) e/ou 85-89 mmHg de pressão arterial mínima (ou diastólica) significa que estão «normais-altos» e que o risco de vir a desenvolver hipertensão é mais elevado.
Quais são sintomas de hipertensão?
A hipertensão pode manifestar-se através dos seguintes sintomas:
- Dores de cabeça
- Hemorragias nasais
- Tonturas
- Mal-estar geral
- Visão turva/desfocada
- Dor no peito
- Sensação de falta de ar
O perigo destes sintomas é que são comuns a outras patologias e podem, por isso, ser difíceis de identificar ou de relacionar com a tensão arterial. Normalmente, a hipertensão arterial não provoca quaisquer sintomas identificáveis nos primeiros anos de doença. Assim sendo, a melhor forma de prevenção e diagnóstico é efetuar medições periódicas.
Quais são as causas e fatores de risco para a hipertensão?
Segundo a Sociedade Portuguesa de Hipertensão, na maioria dos casos (90%) não há uma causa conhecida para a hipertensão arterial. Assim, neste caso diz-se que esta hipertensão é essencial ou primária. Por outro lado, noutras situações é possível encontrar uma condição associada que é a verdadeira causa. Neste caso, a hipertensão é denominada como secundária.
Para a maioria das pessoas a doença não se deve a uma causa isolada, mas sim à conjugação de vários fatores de risco. Estes podem ser:
Não modificáveis
- Idade
- História familiar
- Genética
Modificáveis
- Excesso de peso
- Não praticar atividade física
- Fumar
- Consumo de álcool sem moderação
- Stresse
- Consumo elevado de café e/ou estimulantes
- Elevado consumo de sal
- Hábitos incorretos de sono
As consequências da hipertensão
A pressão arterial elevada aumenta a carga de «trabalho» do coração e dos nossos vasos sanguíneos, fazendo com que «trabalhem» mais, mas com menos eficiência. Por isso, com o passar do tempo, a hipertensão danifica os tecidos das paredes das artérias, o que pode potenciar o desenvolvimento de aterosclerose: aumentan a deposição de colesterol LDL («mau» colesterol) nestes vasos.
As artérias tornam-se, assim, mais estreitas, o que faz elevar a pressão sanguínea, num ciclo que não termina: aumenta o impacto sobre as artérias, o coração e sobre resto do nosso organismo.
O diagnóstico de hipertensão aponta para um maior risco de morte ou desenvolvimento de determinadas doenças como, por exemplo, a insuficiência cardíaca, acidente vascular cerebral (AVC), enfarte do miocárdio, insuficiência renal, perda gradual da visão, entre outras.
Controlar a pressão arterial em casa, através de um medidor próprio, e registar os valores para mostrar ao médico na consulta pode ser benéfico, sobretudo, para despistar a chamada «hipertensão de bata branca». Esta ocorre quando os valores de pressão arterial estão mais elevados quando medidos num consultório médico ou numa farmácia devido à ansiedade desencadeada pela presença do profissional de saúde que vai fazer a medição.
Como controlar a doença
O primeiro passo será identificar quais os comportamentos a mudar que o podem ajudar a controlar a hipertensão. Lembre-se: se tiver dúvidas sobre o controlo da sua pressão arterial procure um profissional de saúde. Em suma, se a mudança dos seus hábitos de vida não for suficiente, o seu médico poderá ajudá-lo a perceber se é necessário recorrer à medicação ou que outras estratégias pode ainda tentar.
Sociedade Portuguesa de Hipertensão
Fundação Portuguesa de Cardiologia
Diabetes UK