O impacto da diabetes na disfunção sexual
A disfunção sexual e a diabetes têm uma relação estreita que é hoje mais ou menos clara e que, naturalmente, tem um grande impacto no dia a dia de homens e mulheres diabéticos.
A disfunção sexual, masculina e feminina, é um assunto bem documentado e estudado. O papel da diabetes, quer na origem do problema, quer através da relação que tem com outros problemas de saúde (eles mesmos um fator de risco para as disfunções sexuais), tem vindo a ser clarificado, parecendo haver uma relação clara entre ambas.
Diabetes e disfunção sexual
A diabetes afeta a função sexual?
A diabetes tem vindo a ser associada à disfunção sexual tanto em homens como em mulheres. Nos homens, a diabetes é mesmo considerada um fator de risco para a disfunção sexual. No entanto o risco de casos de disfunção erétil em homens diabéticos tem vindo a ser documentado em vários estudos por comparação com homens não diabéticos.
Entre as mulheres, esta evidência é menos conclusiva embora grande parte dos estudos demonstre uma prevalência maior do problema em mulheres diabéticas.
Como se manifestam essas alterações?
Uma das disfunções sexuais masculinas mais comuns é a disfunção erétil. Assim, a disfunção erétil pode ser definida como a persistente incapacidade de atingir ou manter a ereção do pénis, com vista à relação sexual com penetração. Isto diminui muito a qualidade de vida dos homens, sendo uma disfunção muito prevalente e que aumenta com a idade.
A disfunção sexual feminina é, contudo, uma condição muito mais complexa. Atinge mulheres de todas as idade e etnias e é caracterizada por alterações nas mudanças psicofisiológicas que naturalmente ocorrem durante o ciclo sexual da mulher, incluindo alterações no desejo sexual e na estimulação, assim como, no orgasmo ou dor.
Por que é que isto acontece no doente diabético?
A hiperglicemia, ou seja, a quantidade excessiva de açúcar no sangue (glicose) é muito frequente na diabetes. Ainda não é claro se este fator, responsável, por exemplo, por várias complicações vasculares (problemas nos vasos sanguíneos), participa no surgimento da disfunção sexual. Mas sabemos que no caso da disfunção erétil, são um conjunto de alterações vasculares, hormonais e neurológicas que causam o problema:
- A neuropatia diabética, por exemplo, um conjunto de alterações neuronais causados pela doença, vai afetar terminações nervosas que são responsáveis pelas ereções.
- Por outro lado, o relaxamento dos músculos numa zona do pénis, causado pelo excesso de glicose, também contribui para essa disfunção.
Novas evidências
Além destes fatores, novas evidências têm vindo a sugerir que homens diabéticos tenham um risco de diminuição dos níveis de testosterona. Assim, níveis baixos desta importante hormona podem conduzir a uma diminuição no desejo sexual e, direta ou indiretamente, à disfunção erétil.
Como já descrito, actualmente, o nosso entendimento dos aspetos médicos e psicológicos das disfunções sexuais femininas é pobre relativamente ao masculino, sendo comummente aceite tanto a componente física como a mental para a abordagem ao problema (e, por vezes, mesmo a componente social). Contudo estes mecanismos precisam ainda de ser estudados mais profundamente para um melhor entendimento.
O que já se sabe
- Uma normal resposta sexual feminina junta as funções nervosas, que percecionam os estímulos eróticos, a um aumento da concentração de sangue que atinge os vasos da genitália externa e da vagina.
- Nessa altura, tanto o relaxamento dos músculos da zona erétil da genitália, como o fluxo sanguíneo dessa região, dependem de substâncias que o corpo aí deposita.
- A produção de níveis normais de várias hormonas também é necessária para que a componente psicológica da atividade sexual funcione na perfeição.
- A diabetes, devido à hiperglicemia, aumento da possibilidade de infeção, alterações vasculares, problemas neuronais e alterações hormonais, pode afetar todo este complexo sistema integrado causando disfunção sexual.
Comum a ambos os sexos, é no entanto, a ideia de que os doentes diabéticos têm muitas vezes outras condições clínicas associadas que são, comprovadamente, fatores de risco para a disfunção sexual, como por exemplo: hipertensão, excesso de peso ou obesidade, síndrome metabólica, tabagismo e dislipidemia.
As disfunções sexuais impedem uma vida sexual satisfatória e gratificante. Ainda que complicadas, pense que hoje em dia há várias soluções que podem e devem ser discutidas com o seu médico no sentido de normalizar o problema e, claro, melhorar em muito a sua qualidade de vida.
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Lue TL, et al., 2017.
Maiorino AI, et al., 2014.
Associação para o Planeamento da Família