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O que acontece quando há falta de vitamina D?

Atualmente, a falta de vitamina D é reconhecida como um problema de saúde global. Mas porque porque se encontra a diabetes entre as doenças associadas a esta carência?

Atualmente, a falta de vitamina D, isto é, a sua deficiência e insuficiência, é reconhecida como um problema de saúde global. Em especial, na última década, verificou-se um aumento importante no número de pessoas com valores de vitamina D abaixo do normal.

 

Considera-se que alterações nos hábitos alimentares, com cada vez mais pessoas a optarem por regimes alimentares que implicam um menor consumo de alimentos ricos em vitamina D e, sobretudo, uma menor exposição ao sol, possam justificar esta nova «epidemia», a falta de vitamina D.

 

A vitamina D é produzida pelo nosso organismo quando a pele é exposta aos raios ultravioleta, presentes na luz solar. Além disso, está naturalmente presente em alguns alimentos não ingeridos em alguns tipos de dietas comuns hoje em dia (ovos, leite, peixes gordos, etc.).

Funções da vitamina D

Sabe-se também que a vitamina D tem um efeito significativo no crescimento e desenvolvimento ósseo das crianças, assim como na saúde óssea dos adultos. Além disso, está atualmente a ser investigada a possível relação entre níveis abaixo do recomendado de vitamina D e problemas na gravidez. Outros problemas são infeções, alguns tipos de cancro, doenças cardiovasculares, doenças do sistema imunitário e, até, diabetes.

Suficiência vs. insuficiência vs. deficiência de vitamina D

Existe alguma falta de consenso entre as sociedades médicas sobre quais os níveis em circulação que definem insuficiência e deficiência em vitamina D.

 

De acordo com a Direção-Geral da Saúde (DGS), quando temos níveis no sangue de 25-hidroxivitamina D, o mesmo que 25(OH)D, a principal forma de vitamina D em circulação, temos uma insuficiência em vitamina D:

 

  • Entre 30 – 50 nmol/L, em idade pediátrica
  • Entre 50 – 75 nmol/L, no adulto

 

Por outro lado, com uma concentração de 25(OH)D, temos deficiência em vitamina D:

 

  • inferior a 30 nmol/L em crianças
  • 50 nmol/L em adultos

Quem tem um maior probabilidade de ter falta de vitamina D?

De uma forma geral, a falta de vitaminas D pode desenvolver-se por não se consumir de forma suficiente alimentos com essa vitamina e não se expor ao sol. Mas também pelo rim não converter 25(OH)D na sua forma ativa ou por haver uma absorção inadequada no trato gástrico.

 

Entre as pessoas que têm uma maior probabilidade de terem falta de vitamina D encontram-se:

 

  • grávidas;
  • pessoas obesas ou que foram sujeitas a cirurgia de bypass gástrico;
  • pessoas com um tom de pele mais escuro;
  • todos os que têm uma exposição diminuída à luz solar direta (pessoas com vidas sedentárias, idosos que vivem em lares com exposição solar limitada, por exemplo);
  • pessoas com síndromes de má absorção intestinal, com insuficiência renal crónica ou com doenças do metabolismo cálcio e vitamina D;
  • pessoas que seguem regimes alimentares com um menor aporte de vitamina D (menor ingestão de leite, ovos, peixes gordos, carnes vermelhas, por exemplo).

Doenças associadas à deficiência em vitamina D

Continua-se a descobrir e a investigar a ação da vitamina D no desencadeamento de vários tipo de doenças.

 

Está já bem estabelecida função da vitamina D na regulação do cálcio no nosso organismo. Um grande número de genes em diversos tipos de células e tecidos fora dos ossos e dos músculos são também regulados por ela.

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1 – Doenças dos músculos e ossos 

 

A falta de vitamina D leva a uma diminuição da absorção nos intestinos de cálcio e fósforo, minerais obtidos a partir da dieta. De forma a equilibrar os níveis de cálcio, o nosso corpo mobiliza o que está armazenado nos ossos e aumenta a eliminação de fósforo através da urina. Contrariamente ao que a generalidade das pessoas acha, o osso é um tecido vivo. Aí «produz-se» tecido ósseo através dumas células chamadas osteoblastos, e «consome-se» o mesmo tecido por outras células, os osteoclastos. Em situações de níveis reduzidos de cálcio a ação destas últimas é favorecida e, como consequência, a densidade óssea é reduzida, levando a situações de doença, como a osteoporose.

 

Adicionalmente, a vitamina D é também essencial para a saúde das fibras musculares. Estas, providenciam apoio ao nosso esqueleto, aumentando o equilíbrio, melhorando a postura corporal e evitando, como consequência, quedas.

 

Na infância, a deficiência de vitamina D conduz a raquitismo. Ou sejam, uma doença em que, por carências nutricionais, defeitos no metabolismo da vitamina D, ou por causas secundárias, ocorre uma alteração na forma como os ossos se formam e crescem. Contudo, um aporte diário de 400 UI de vitamina D pode ajudar a prevenir o raquitismo de causa nutricional.

 

2 – Doenças cardiovasculares

 

Alguns estudos observacionais documentaram de forma extensiva uma relação interessante entre a falta de vitamina D e a presença de fatores de risco cardiovasculares (que potenciam essas doenças). No entanto, permanece ainda por esclarecer a natureza desta associação.

 

Sabe-se sim que a vitamina D regula o mecanismo de sinalização do nosso organismo responsável por controlar a pressão (tensão) arterial. Assim como intervém na forma como as células dos tecidos vasculares se formam. Assim, alguns estudos sugerem que a deficiência de vitamina D possa conduzir a alterações a nível vascular, rigidez nas paredes das artérias e a um aumento de tamanho do ventrículo esquerdo.

 

Contudo, ensaios clínicos falharam em demonstrar que a suplementação com vitamina D reduz o risco cardiovascular – mesmo em pessoas com valores reduzidos de 25(OH)D (20 nmol/l, 12 ng/ml).

 

 3 – Diabetes

 

 A diabetes tipo 2 resulta de uma disfunção da função das células beta, aumento da resistência à insulina e inflamação a nível sistémico. Surpreendentemente, alguns dados apontam para que a vitamina D intervenha a todos este níveis.

 

  • Secreção de insulina: estudos em ratos e ratinhos sugerem que a vitamina D possa regular a secreção de insulina pelas células beta do pâncreas. Desse modo, níveis abaixo do normal de vitamina D parecem reduzir a secreção de insulina. A vitamina D parece também interferir na sobrevivência das células beta e na forma como o cálcio se comporta (a secreção de insulina é um processo dependente de alterações no fluxo de cálcio).

 

  • Resistência à insulina: a vitamina D pode ajudar a que mais facilmente a insulina chega ao seu local de ação. Assim sendo, a falta de vitamina D contribui a chamada resistência à insulina (o corpo não consegue utilizar a insulina que produz), e também poderá contribuir para a infiltração de gordura no músculo.

 

  • Inflamação: a vitamina D poderá, direta ou indiretamente, contribuir para reduzir o efeito da inflamação em pessoas com diabetes, por exemplo, ao exercer um efeito controlador do sistema imunitário.
Referências
  • Direção-Geral da Saúde (DGS)

  • National Institutes of Health (NIH)

  • Mitri J, et al. 2014.

  • Bouillon R, et al. 2019.

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