O que é um efeito secundário de um medicamento?
A toma de qualquer medicamento é uma decisão baseada na ponderação do seu risco/benefício, visto que acarreta a possibilidade de vir a sofrer um efeito secundário. Todos podemos contribuir para minimizar esse risco e tornar o uso dos medicamentos mais seguro.
Um efeito secundário de um medicamento é algo que faz parte da sua utilização. Mas não precisa de se assustar! Há sistemas que visam controlar a sua ocorrência. E maior gravidade.
A definição de segurança de um medicamento provém de um equilíbrio entre:
1 – os possíveis benefícios do seu uso e…
2 – risco de induzir um possível efeito secundário.
Felizmente, as autoridades reguladoras do medicamento garantem uma monitorização contínua da segurança dos mesmos. Isto para:
- Identificar potenciais efeitos secundários desconhecidos.
- Quantificar e/ou melhor caracterizar esses efeitos identificados.
- Implementar medidas que permitam minimizar o risco da sua ocorrência.
Reação Adversa Medicamentosa vs. Acontecimento Adverso
Um efeito secundário tem um termo técnico. Reação adversa medicamentosa (RAM). Esta é uma resposta nociva (e não intencional) a um ou mais medicamentos. Eem que está comprovada a relação entre a sua toma e o efeito. Por outro lado, um acontecimento adverso é uma ocorrência médica desagradável. Que aconteceu após a exposição a um medicamento, não necessariamente causada pelo uso do mesmo.
Farmacovigilância: o que é?
A farmacovigilância é a ciência, e todas as atividades, associadas à deteção, avaliação, compreensão e prevenção de RAM. Ou qualquer outro problema associado ao uso de um medicamento. Assim, o principal objetivo da farmacovigilância é o de contribuir para a melhoria da segurança do medicamento.
Mas se um medicamento foi aprovado, não deveríamos conhecer logo à partida o seu perfil de segurança?
Na altura de entrar um novo medicamento no mercado, os dados relativos à sua eficácia e segurança provêm apenas de ensaios clínicos. Os participantes desses mesmos ensaios clínicos são selecionados segundo critérios muito apertados. Além de serem acompanhados de forma cuidadosa e sob condições controladas. Ou seja, até ao momento em que alcança o mercado, e começa a ser usado pela população, o medicamento foi testado apenas num número limitado de doentes. E por um período restrito de tempo.
No chamado período pós-autorização, o medicamento será usado por um número alargado de pessoas. E por um maior período de tempo. É também comum que estes doentes tomem o medicamento em conjunto com outros medicamentos. Nestas condições, podem surgir reações adversas raras ou reações adversas que surgem mais tarde. E que não foram documentadas durante o período pré-aprovação. Assim, é importante que a segurança de todos os medicamentos seja monitorizada de forma contínua.
O que é um sinal de segurança?
Por um sinal de segurança entende-se informação sobre uma reação adversa nova ou conhecida. Um medicamento pode causar esta reação e isso requer investigação. Estes sinais podem vir de várias fontes:
- Notificações espontâneas.
- Ensaios clínicos.
- Literatura científica.
A presença de um sinal de segurança não significa que o medicamento tenha causado o evento adverso relatado. Outro medicamento ou a doença em si podem ser os responsáveis. Então, processam-se os sinais de segurança por forma a compreender se existe de facto uma relação entre o uso do medicamento e o acontecimento adverso. Ou seja, se é realmente um efeito secundário.
O que é o sistema de farmacovigilância?
O responsável pela comercialização de um medicamento, a autoridade do medicamento de cada um dos países da união europeia (UE) – que em Portugal é o INFARMED – e a agência europeia do medicamento (EMA) operam em conjunto, com o objetivo de detetarem e gerirem os sinais de segurança.
Este Sistema Europeu de Farmacovigilância opera através da cooperação entre todos os estados membros da UE, a EMA (que o coordena) e da Comissão Europeia. Em Portugal, desde 1992, que temos estabelecido um Sistema Nacional de Farmacovigilância (SNF). Este, compreende o INFARMED e 9 Unidades Regionais de Farmacovigilância (URF), espalhadas por todo o território nacional. No seu conjunto, o SNF monitoriza a segurança dos medicamentos comercializados em Portugal. E avalia eventuais problemas relacionados com RAM, implementando medidas de segurança sempre que necessário.
Notificação de acontecimentos adversos. Todos podemos contribuir.
Qualquer pessoa, utente, cuidador ou profissional de saúde, pode notificar o INFARMED de suspeitas de RAM. De forma a facilitar a comunicação, o INFARMED criou o Portal RAM, que procura facilitar este processo.
Para poder submeter uma notificação de reação adversa necessita de:
- Descrever a reação adversa.
- Identificar o medicamento suspeito de ter causado a reação adversa.
- Fornecer dados como o sexo e a idade do utente que a sofreu.
- Enviar os meios de contacto, enquanto notificador da reação adversa, para se validar a informação recebida.
Depois da submissão, a informação é analisada por uma equipa técnica. No final, informam-se os notificadores do resultado da avaliação.
Se tem diabetes, toma medicamentos para a doença, e detetou algum efeito secundário associado à sua medicação já sabe. Notifique. Com o contributo de todos, a segurança dos nossos medicamentos também aumentará!
INFARMED I.P.
Agência Europeia do Medicamento (EMA)